Assim como grande parte das atividades de pesquisa da Universidade do Vale do Taquari - Univates, o projeto Meninas na Ciência também precisou suspender suas atividades presenciais este ano semestre. Durante o período de isolamento social, foram intensificadas as entrevistas e formações on-line da equipe. Estudos e análise de material coletado com bolsistas e alunas participantes do projeto foram realizados, gerando dois conjuntos de resultados de pesquisa. Os objetivos são entender se as atividades têm cumprido com seus princípios pedagógicos e verificar como as ações têm influenciado na vida de estudantes da Educação Básica nas três escolas em que atua: Escola Estadual de Ensino Médio Estrela, de Estrela, Escola Estadual de Ensino Médio Paverama, de Paverama, e Escola Estadual de Ensino Médio Guararapes, de Arroio do Meio.
As pesquisas ajudam a perceber as contribuições do nosso trabalho para abrir os horizontes das meninas participantes, para tornar as áreas de ciências exatas e engenharias menos assustadoras para as alunas, ressalta a coordenadora do Meninas na Ciência na Univates, professora Sônia Gonzatti. Ela explica que uma das pesquisas foi elaborada a partir das respostas de um questionário aplicado com 75 estudantes que participaram do evento Ser cientista e ser mulher em outubro de 2019 na Univates. A partir dos retornos é possível perceber quatro fatores destacados pelas estudantes: oportunidade de acesso para adquirir conhecimentos em novas áreas, reflexões sobre desigualdade de gênero, influências culturais e sociais que interferem na presença feminina nas áreas de Science, Technology, Engineering and Mathematics (Stem) e reflexões sobre as escolhas profissionais futuras.
A outra pesquisa foi desenvolvida com as nove bolsistas júnior que atuam nas três escolas que participam do projeto. Segundo a professora Sônia, essa é uma pesquisa que já acontece periodicamente desde 2019 para acompanhar o desenvolvimento do protagonismo juvenil. Vanessa Kremer e Alice Taís Dummel Weide são estudantes e bolsistas júnior da Escola Estadual de Ensino Médio Guararapes. Para elas, o Meninas na Ciência é, sobretudo, uma ferramenta de empoderamento feminino, pois faz com que as participantes entendam que são capazes de realizar a tarefa que desejarem, independentemente de serem mulheres.
Acervo pessoal de Alice - Foto de 2019
Da esquerda para direita: Vanessa Kremer, Maiara Graff, Cristine Inês Brauwers (professora) e Alice Taís Dummel Weide
Entre as atividades desenvolvidas pelas bolsistas júnior está, em parceria com as professoras das escolas, fazer a mediação dos trabalhos elaborados pelas professoras do projeto e bolsistas da Univates que devem ser executados nas escolas. Para isso, as estudantes recebem a formação necessária, e os ensinamentos, muitas vezes, vão além do que as meninas aprendem em sala de aula. Por exemplo, na primeira aula de astronomia que tivemos, a professora explicou sobre as constelações. Desde então eu nunca mais vi o céu do mesmo jeito. Outra coisa são as oficinas de química, algumas coisas tinham relação com o que eu via na escola, mas é totalmente diferente entrar nos laboratórios da Univates usando jaleco. A gente se sente uma cientista mesmo, lembra Vanessa.
Conforme a professora Sônia, percebem-se como resultados gerais o desenvolvimento do gosto pela área de ciência exatas, as possíveis oportunidades que o envolvimento no projeto pode trazer para o futuro e o fato de ser um projeto somente para meninas, que aborda o tema da importância das mulheres nas ciências e dá visibilidade às desigualdades de gênero que persistem nas áreas e carreiras de Stem. A professora destaca que a compilação dos dados qualitativos, baseados nas entrevistas, foi feita pelas bolsistas de graduação do projeto, Vitória Portantiolo Klein e Dayene Borges Guarienti. O projeto de extensão Meninas na Ciência atua com recursos do edital Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação, lançado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).