A Universidade do Vale do Taquari - Univates oferece aos estudantes, por meio do Centro de Ciências Humanas e Sociais (CCHS), a disciplina eletiva Identidade e literatura: autoras negras, que acontecerá nas noites de quinta-feira a partir de outubro, no próximo bimestre letivo. Segundo o Plano de Ensino, o objetivo das aulas é conhecer a história da diáspora africana na América Latina e seus desdobramentos no âmbito feminino negro, debater sobre as manifestações literárias de autoria feminina negra e refletir, com base em textos literários de autoria feminina, sobre resistência antirracista e a memória identitária negra. Alunos da Univates que desejam cursar a disciplina, devem solicitar protocolo de ajustes, informando o nome do componente curricular que deseja acrescentar e a carga horária.
Responsável por ministrar as aulas, a professora Rosane Cardoso conta que a ideia de organizar a disciplina surgiu de conversas sobre direitos humanos e discussões sobre questões étnicas e de gênero que acontecem com frequência na Univates. A disciplina é fruto de iniciativas da Pró-Reitoria de Ensino (Proen), da área de humanidades, das artes e também dos alunos, através do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e dos Diretórios Acadêmicos (DAs). Para a Pró-reitora de Ensino da Univates, Fernanda Pinheiro, questões de raça e gênero precisam ocupar diferentes espaços de discussões na sociedade. É impensável que hoje a Universidade não promova ou participe desse debate, ressalta.
Para a Pró-reitora, um dos motivos para que debates sobre as relações de gênero e raça e a escrita de autoras negras seja desconhecida, se dá porque o espaço público historicamente foi sendo majoritariamente ocupado por homens e por homens brancos.
Uma pesquisa do Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea da Universidade de Brasília (UnB) aponta que dos romances publicados por grande editoras, de 1965 até 2014, 90% foram escritos por pessoas brancas e 70% por homens. Apesar do aumento de publicações feitas por mulheres brancas, que corresponde a 12 pontos percentuais, as obras de mulheres negras não acompanharam o mesmo crescimento. A professora Rosane afirma que a literatura feminina negra possui grandes representantes, mas que a maioria desses nomes raramente constam nos currículos escolares e/ou acadêmicos e, menos ainda, no cânone literário.
Rosane lembra do crítico literário e sociólogo Antonio Candido que fala sobre a função social da literatura. A literatura confirma e nega, propõe e denuncia, mobiliza e humaniza e, por essa razão, nos possibilita vivenciar dialeticamente os problemas. Então, ler esses textos nos aproxima de determinadas temáticas, a partir da perspectiva de quem vive situações muito agudas sobre ser mulher negra contemporaneamente, em diferentes espaços, explica. Nesta primeira edição, as aulas serão dedicadas ao estudos de obras de autoras brasileiras e afro-hispano-americanas.
Disciplina é aberta à comunidade
Interessados pela temática e que não são alunos da Univates também podem cursar a disciplina. Estudantes de outra Instituição de Ensino Superior (IES) ou quem apenas deseja realizar a atividade e que não tenha vínculo com outra IES devem encaminhar o protocolo de aluno não regular. A solicitação deste protocolo poderá ser feita presencialmente no Atendimento Univates ou pelo e-mail atendimento@univates.br, indicando no assunto da mensagem "Autoras negras". No e-mail ou presencialmente os interessados devem apresentar histórico do Ensino Médio e documentos pessoais.