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Boa notícia, Coronavírus, ODS

Parar de fumar é ainda mais importante neste momento de pandemia

Por Bruna Laís Alves

Postado em 23/04/2020 09:11:00


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O tabagismo é considerado uma doença crônica causada pela dependência da nicotina existente nos produtos à base de tabaco, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, considerando fumantes e não fumantes expostos ao fumo passivo. No Brasil, 428 pessoas morrem por dia por causa da dependência de nicotina.

Além de ser um fator de risco para diversos tipos de câncer, doenças cardiovasculares e respiratórias e outras enfermidades, o tabagismo tem sido uma preocupação neste momento de pandemia, especialmente pelo fato de a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, atacar o sistema respiratório. Profissionais da saúde têm demonstrado aflição com o assunto, pois estudos apontam que os riscos da enfermidade aumentam com o tabagismo.

De acordo com Patrícia Ana Muller, coordenadora da Unidade Básica de Saúde (UBS) Universidade, enfermeira especialista e mestranda em Saúde da Família, pesquisas recentes demonstram que fumantes podem ser mais afetados pela Covid-19, pois há comprometimento da capacidade pulmonar e do funcionamento dos pulmões.

Entre os pacientes chineses diagnosticados com pneumonia associada ao coronavírus, as chances de agravamento da doença foram 14 vezes maiores entre as pessoas com histórico de tabagismo em comparação com aquelas que não fumavam
Patrícia Ana Muller, coordenadora da UBS Universidade

Segundo ela, pessoas fumantes são mais suscetíveis a desenvolver doenças pulmonares obstrutivas crônicas, incluindo bronquite crônica e enfisema, e têm um fator de risco para doenças respiratórias em geral, como é o caso da Covid-19.

Conforme Juliano Soares Rabello Moreira, médico de família, mestre e docente na Univates, existem evidências crescentes apontando que tabagistas são mais afetados pela doença, já que fumar causa danos aos pulmões. “Os pulmões produzem muco naturalmente, mas as pessoas que fumam têm o muco mais grosso e esse muco obstrui os pulmões, deixando a pessoa propensa a se infectar. Fumar também afeta o sistema imunológico, dificultando o combate à infecção”, explica.

O médico também afirma que existem evidências a respeito de pessoas com outras condições de saúde, como doenças cardiovasculares e câncer, que têm mais probabilidade de sofrer complicações graves da Covid-19, destacando que fumar aumenta o risco de muitas dessas condições.

Tendo em vista tantas implicações na saúde de tabagistas, Patrícia avalia que parar de fumar ao longo da pandemia é muito importante. Há diversas vantagens em largar o hábito durante o isolamento social, comparando com a rotina comum. A coordenadora da UBS Universidade salienta que alguns estímulos externos podem ajudar nessa decisão, como as informações da mídia sobre o hábito do tabagismo e dados a respeito da pandemia. A enfermeira ressalta a importância de lembrar que o isolamento social é apenas físico.

O fumante pode contar de forma on-line com o apoio da família, de amigos e de outros fumantes que já conseguiram parar de fumar. Há aplicativos gratuitos para celular que podem ser utilizados para ajudar, assim como grupos on-line. O serviço do Sistema Único de Saúde, o Disque Saúde, funciona 24 horas por dia, bastando ligar para o 136 e teclar a opção 3
Patrícia Ana Muller, coordenadora da UBS Universidade

Em Lajeado há iniciativas que visam a auxiliar pessoas que desejam parar de fumar. Atualmente o município conta com atendimentos individuais nos postos de saúde e, quando há a decisão de parar de fumar, o paciente é encaminhado para grupos de cessação de tabagismo, oferecidos na UBS Universidade e no posto de saúde do Centro.

Esses grupos contam com profissionais capacitados para apoio psicológico com foco no comportamento e também com avaliação médica. “Podem ser utilizados medicamentos específicos que atuam sobre a vontade de fumar e terapia de reposição nicotínica com o uso de adesivos transdérmicos”, explica Patrícia. No momento, devido ao decreto municipal que suspende atividades em grupo em razão do coronavírus, os encontros não estão ocorrendo presencialmente, sendo oferecido suporte por telefone.

Além do cigarro, o narguilé também é uma preocupação. Mundialmente, seu uso vem crescendo principalmente entre os jovens. O Ministério da Saúde alerta que uma hora de narguilé equivale à fumaça de 100 a 200 cigarros, podendo causar câncer, doenças respiratórias, doenças da boca, tuberculose e até mesmo hepatites virais. Recentemente a OMS divulgou um aviso sobre o risco para fumantes, destacando os narguilés, nos quais há o compartilhamento de mangueira e da piteira.

De acordo com Patrícia, em qualquer momento da vida há benefícios em parar de fumar, pois o organismo pode se recuperar dos danos causados pelo cigarro. Em caso de doenças já instaladas, a descontinuação do fumo evita a progressão e melhora a qualidade de vida. Moreira salienta a importância de largar o vício. “Parar de fumar melhora a saúde dos pulmões dentro de alguns meses. As taxas de infecções pulmonares como bronquite e pneumonia também diminuem”, afirma o médico.

Para mais informações sobre as iniciativas que ocorrem no município, entre em contato pelo e-mail ubsuniversidade@univates.br ou pelo telefone (51) 3714-7026.

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