Tão rápida quanto a disseminação do novo coronavírus tem sido a produção de dados sobre o SARS-CoV-2, vírus responsável pela pandemia de Covid-19. Pensando em transformar essas informações em conhecimento, pesquisadores de todo o mundo estão participando de pesquisas que buscam entender o microrganismo e, com isso, sugerir novos tratamentos e medidas de prevenção. No Brasil, uma dessas pesquisas está sendo coordenada pela Universidade do Vale do Taquari - Univates em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
Professor do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) e coordenador da pesquisa, Luís Fernando Saraiva Macedo Timmers explica que a ideia surgiu a partir de uma conversa com amigos que, assim como ele, trabalham na área da bioinformática. Quando começaram a sair as diversas notícias sobre o SARS-CoV-2, pensamos que seria uma boa oportunidade para aplicarmos as técnicas que utilizamos no nosso dia a dia da pesquisa para tentar compreender melhor o vírus, afirma ele, que está iniciando a linha de pesquisa na área da bioinformática na Univates.
Com auxílio da tecnologia, os pesquisadores poderão analisar 1.720 genomas do SARS-CoV-2. Timmers explica que foi obtido auxílio computacional da BioBam Bioinformatics Solutions para a utilização do software OmicsBox nas análises iniciais do projeto. Em curto prazo, os resultados poderão contribuir para melhor compreensão do comportamento do vírus.
A partir desses dados os pesquisadores poderão fazer a busca computacional por moléculas que apresentem potencial de interação com uma proteína viral específica e, em seguida, testar experimentalmente (contra o vírus SARS-CoV-2) para verificar a eficácia das moléculas propostas, contribuindo significativamente para a identificação de um novo tratamento.
Para isso, a professora Marcia Goettert, coordenadora do PPGBiotec, e os professores João Antonio Pêgas Henriques e Timmers irão trabalhar na prospecção de moléculas com potencial terapêutico, fornecidas pelo professor Stefan Laufer, da Universidade de Tübingen - Alemanha, com a qual a Univates mantém acordo de cooperação para pesquisa. Após a seleção dessas moléculas, ocorrerão as análises toxicológicas dos novos candidatos a fármacos, etapas que serão realizadas totalmente na Univates.
Além das análises, a infraestrutura dos Laboratórios de Biotecnologia e do Laboratório de Cultura de Células será importante para o desenvolvimento do trabalho. Se as atividades ocorrerem conforme o previsto, os primeiros resultados, relacionados aos experimentos de bioinformática, devem ser obtidos entre o final de abril e o início de maio deste ano.
Participam também da pesquisa os doutores Rafael Andrade Caceres e José Fernando Ruggiero Bachega, da UFCSPA; Leandro de Mattos Pereira, da UFRJ; e Luiz Augusto Basso, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Além da BioBam Bioinformatics Solutions e da Universidade de Tübingen, o projeto de pesquisa está sendo submetido a editais para a busca de recursos de diferentes fontes, como, por exemplo, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).
Saiba mais: Bioinformática
A bioinformática é uma área da ciência que usa técnicas computacionais para o estudo de dados biológicos. Isso permite que uma vasta quantidade de dados seja analisada de forma rápida e confiável, e ainda com custo muito menor.