Júlia Amaral
Durante o período de férias letivas, Inácio Hammes e Isolde Maria Hammes participam da feira orgânica da Univates acompanhados pelos netos. O casal não deixa de expor seus produtos mesmo quando, sem os alunos, o movimento na Universidade diminui. Nós decidimos continuar essa feira normalmente durante as férias. Estamos nos propondo a trabalhar pelo bem da sociedade. É preciso propagar essas feiras para que o povo conheça e saiba que os orgânicos são produtos acessíveis, declara o produtor.
O casal participa semanalmente de quatro feiras: duas em Porto Alegre, uma Arroio do Meio, e na Univates. Estamos sempre trabalhando para conseguir produzir alimentos mais saudáveis, explica Inácio. A história do casal com a produção orgânica é longa. A propriedade do pai de Inácio foi contaminada com veneno e desde então, há dez anos, o cheiro de agrotóxico embrulha o estômago do produtor.
O balcão do casal exibe bonitos repolhos, tomates, couve, entre outras hortaliças. Produtos diferentes dos que são vendidos por Luís Gustavo Mallmann.
Desde o ano passado, Luís viaja toda quinta-feira de Santa Clara do Sul a Lajeado para comercializar seus produtos no campus da Univates. Meu produto é bem diferente do que os outros trazem, então não é uma competição, destaca. Vinagre feito com caldo de cana é a novidade na tenda do produtor. Ali também é possível comprar melado batido, chimia colonial, rapadura, açúcar mascavo, tudo derivado da cana-de-açúcar. Durante as férias letivas, Luís repara que o público muda na Universidade.
Júlia Amaral
A gente percebe uma redução no movimento como um todo, mas ao mesmo tempo conseguimos atender os clientes do bairro, da comunidade, e até mesmo pessoas vindas de outros estados que fazem mestrado ou doutorado aqui durante as férias. Então tudo vem a somar.
A produção orgânica de Luís começou com o incentivo da Prefeitura de Santa Clara do Sul , em 2017. Hoje o município conta com 17 famílias produtoras orgânicas certificadas.
Júlia Amaral
Para Márcia Inês Hickmann, uma das primeiras produtoras a participar da feira da Univates, trabalhar com produtos orgânicos é sinônimo de realização. A família de Cruzeiro do Sul plantava fumo e precisou parar com a produção porque o marido de Márcia teve problemas graves de saúde, em razão dos agrotóxicos e do desgaste físico causado pelo trabalho. Desde então, o maior sonho de Márcia era poder plantar sem usar venenos. Eu me sinto realizada em trabalhar com orgânicos e poder atender as pessoas. Tem pessoas que não podem consumir outros produtos, é uma satisfação quando alguém diz olha só, o seu produto eu posso consumir sem problemas, conta.
Sobre a Feira Orgânica
A feira orgânica da Univates acontece desde 2017. A ideia de implantar o serviço na Instituição surgiu nas reuniões da Articulação Agroecológica do Vale do Taquari (AAVT). Segundo Marlon Dalmoro, professor do Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis da Univates, a construção de modelos agroalimentares mais sustentáveis e saudáveis é uma demanda no mundo todo. Para ele, ter um espaço como esse na Universidade se justifica pelo grande número de pessoas que circulam pelo campus. A Univates é acessível aos moradores dos bairros próximos. Por aqui circulam pessoas de diferentes cidades e, especialmente, indivíduos que estão conscientes da necessidade de buscar modos de produção e de consumo de alimentos mais sustentáveis, afirma.
A feira é aberta à comunidade e acontece nas quintas-feiras, das 16h às 19h, entre os Prédios 3 e 7 da Univates. A comercialização dos produtos segue o regulamento elaborado pelos integrantes da AAVT e implementado pela comissão gestora do serviço. Esse regimento estabelece que os feirantes devem ser produtores agroecologistas da região e estar vinculados a algum grupo de certificação de conformidade orgânica participativa. Isso significa que todos os produtos são orgânicos locais, de origem conhecida e com qualidade comprovada por Organismos de Avaliação de Conformidade (OAC).