Durante nove meses, o grupo de pesquisa Comunicação, Educação Ambiental e Intervenções (Ceami), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Universidade do Vale do Taquari - Univates, conduziu encontros e oficinas de educação ambiental para separação de resíduos nos municípios que integram o consórcio do G8. As ações são exigidas nos planos de gerenciamento em atendimento à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e foram desenvolvidas com os multiplicadores, que são representantes de cada um dos oito municípios. Durante esta terça-feira, dia 3, ocorreu um encontro, no auditório da Prédio 7 da Univates, para apresentar o que foi desenvolvido em cada comunidade e pensar formas de dar continuidade aos projetos.
Júlia Amaral
No primeiro semestre, as cidades contempladas foram Boqueirão do Leão, Marques de Souza, Santa Clara do Sul e Sério. Nos meses seguintes, as comunidades de Canudos do Vale, Cruzeiro do Sul, Forquetinha e Progresso foram impactadas. Ao todo, foram 42 encontros e 150 multiplicadores formados, que atingiram diretamente 5.430 pessoas e mais de 18 mil indiretamente. Durante a avaliação, os multiplicadores ressaltaram o protagonismo das crianças, das mulheres que comandam os lares e a importância de disseminar informações básicas sobre coleta de lixo e educação ambiental. Nós estamos no último dia para fazer algo pelo meio ambiente. Se não começarmos hoje e fizermos a nossa parte, junto com nosso vizinho, temos grandes chances de nos afundarmos na nossa própria tragédia, alerta a multiplicadora Velderes Capuane, agente de saúde na cidade de Sério.
Júlia Amaral
Algumas ações nos oito municípios se repetiram, outras foram singulares. Em Progresso, os multiplicadores criaram um personagem, o Pepe, um mascote em forma de garrafa pet. O objetivo é trabalhar de forma lúdica temas como reciclagem e, assim, fazer com que a discussão sobre o tema alcance um número maior de pessoas.
Para a coordenadora do Ceami, professora Jane Mazzarino, os bons resultados da formação refletem o envolvimento dos multiplicadores e a efetividade da metodologia colaborativa. Essa formação possibilita falar com o outro respeitando o saber de cada um. Então, como multiplicadores, se eles estavam trabalhando com idosos, usavam a metodologia que eles viam que funcionava com esses idosos, e que deveria ser diferente para trabalhar com jovens, explica Jane.
Para o promotor de justiça de Lajeado, Sérgio Da Fonseca Diefenbach, os dados apresentados e os relatos dos multiplicadores demonstram a importância de se trabalhar em grupo.
Júlia Amaral
Conforme o prefeito em exercício de Cruzeiro do Sul, João Henrique Dullius, as reflexões provocadas pelas ações dos multiplicadores foram valiosas. Conseguimos atingir um número muito grande de pessoas: diretamente são 2 mil e indiretamente mais de 6 mil, o que corresponde à metade da nossa população. A comunidade realmente se sensibilizou. Vimos vários departamentos na prefeitura nos quais as pessoas aderiram à mudança de hábito de lidar com os rejeitos. Em Cruzeiro de Sul, a substituição de copos descartáveis por canecas e xícaras foi realizada em toda a Prefeitura Municipal.
Durante o evento, os multiplicadores destacaram que a continuidade das ações depende do apoio da administração pública, de fiscalização e do envolvimento de todos os cidadãos. Já a continuidade da parceria do G8 com o Ceami dependerá da necessidade de cada município ou de novo convênio entre a Univates e o G8.
Pesquisa
Além do trabalho de extensão, dados do processo de formação de multiplicadores foram sendo coletados e serão analisados na pesquisa de mestrado da acadêmica Janaína Kollet no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD).