A terça-feira é sempre um dia feliz para as crianças que semanalmente realizam a terapia aquática pediátrica nas piscinas da Univates. Alegria não apenas dos pequenos, mas também de seus pais e das alunas voluntárias que os acompanham e percebem a evolução no desenvolvimento. Afinal, os distúrbios neuromotores em nada impedem os mergulhos e a folia dentro da água. O projeto, que começou com três crianças e três alunas voluntárias do curso de fisioterapia, cresceu e quase dois anos depois soma 15 crianças participantes e 15 voluntários.
Distúrbios neuromotores são alterações relacionadas ao tônus muscular que acarretam atraso da aquisição de habilidades motoras como sustentar a cabeça, sentar, engatinhar e caminhar. Essas alterações podem ser decorrentes de diagnósticos como Síndrome de Down, paralisia cerebral e lesão obstétrica do plexo braquial, por exemplo.
Júlia Amaral
Vamos para o quarto semestre consecutivo dessa atividade e percebemos como as crianças estão evoluindo. Sem chorar, todas as crianças mergulham e a maioria delas está independente do ponto de vista de flutuação. Elas não têm mais medo da água, muito pelo contrário, é só diversão, aponta a professora coordenadora do projeto, Magali Quevedo Grave.
A docente conta que o projeto iniciou no primeiro semestre de 2018, a partir da ideia de quatro alunas na disciplina de Fisioterapia Neurológica II: Vanessa Hendges, Taís Battisti, Laura Lopes e Mariana Arenhart, e também tem o auxílio da estagiária Daniele Krützmann. Entretanto, a ideia é possibilitar que alunos de diferentes cursos da área da saúde possam participar, o que já ocorre com estudantes de enfermagem e medicina. A estudante de Fisioterapia Camila de Azambuja iniciou no projeto neste ano como voluntária, mas atualmente é monitora. Eu não tinha experiência com atendimento de crianças, comecei na disciplina de Fisioterapia Neurológica, com a professora Magali. Ali eu me apaixonei, tanto no atendimento na clínica, como na hidro. As crianças aqui são muito felizes, aprendem muito rápido e são muito corajosas, conta.
Júlia Amaral
Conforme a professora Magali, a água é uma forma excelente de desenvolver habilidades motoras, recreativas e sociais. As crianças trabalham em grupo e no final da sessão há uma roda de canto, seguida de um mergulho. Primeiro olhamos a individualidade de cada criança. Se vamos trabalhar com uma criança que não tem controle de cabeça contra gravidade, aproveitamos os princípios físicos e químicos da água para incentivá-la. Mas se vamos trabalhar com uma criança de dois anos de idade, que já é independente do ponto de vista motor, estimulamos a flutuação, o mergulho e o nado livre, explica a docente.
Júlia Amaral
Cada conquista adquirida na piscina é notada de forma ainda mais sensível por Carla Thomas Bundchen Dambros, mãe do pequeno Davi Bundchen Dambros, de quatro anos. Davi tem Síndrome de Down e participa da fisioterapia aquática desde o início do Projeto.
Para ele é ótimo o contato com outras crianças e perder o medo da água. A maior mudança que percebo é a independência dele dentro da água, isso é muito importante para ele, comemora Carla.
Quando começamos um trabalho voluntário não sabemos quanto tempo ele irá durar, e, para nossa alegria, percebemos que a cada semestre há um número maior de participantes, lembra a professora Magali, comemorando o fato de o projeto ter crescido tanto, em tão pouco tempo. A docente lembra que para o próximo semestre há fila de espera de crianças para participarem da terapia aquática. Interessados em realizar trabalho voluntário no projeto devem encaminhar e-mail para camila.azambuja@universo.univates.br