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A licenciada em Geografia e Pedagogia Dielci Maria Oliveira Bortolon analisou durante seu mestrado na Universidade do Vale do Taquari - Univates os aspectos culturais, as concepções de territorialidade e as relações interétnicas da etnia Macuxi na Terra Indígena Araçá, localizada no Estado de Roraima. A dissertação Terra Indígena Araçá/Roraima: continuidades e transformações envolvendo coletividades Macuxi, produzida por Dielci sob orientação do professor doutor Luís Fernando da Silva Laroque, integra a linha de pesquisa Espaços e Problemas Socioambientais do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Univates.
A metodologia e os resultados
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De acordo com Dielci, a pesquisa caracteriza-se por ter abordagem qualitativa com a utilização de diários de campo, imagens fotográficas, entrevistas semiestruturadas, fontes documentais e bibliográficas, analisados com base em estudos culturais. A coleta de dados ocorreu nas cinco comunidades que compõem a Terra Indígena Araçá: Três Corações, Araçá, Mutamba, Mangueira e Guariba. A amostragem foi composta por 20 indivíduos: 18 indígenas e 2 não indígenas.
Ao final, observou-se que a cultura e a identidade dos indígenas estudados ainda prevalecem nas práticas sociais. Apesar da fragmentação de suas terras e dos deslocamentos sem possibilidade de retornarem aos espaços de origem, os indígenas Macuxi, Wapixana e outros não perderam necessariamente suas raízes, mas se adaptaram e recriaram os novos espaços, mantendo sua identidade étnica, esclarece Dielci.
Para o doutor Luís Fernando da Silva Laroque, orientador da pesquisa, os estudos sobre povos indígenas têm fundamental relevância científica e social para pensarmos outras territorialidades, cosmologias, percepções espaciais, bem como relações interculturais e com o meio ambiente em um Brasil multiétnico, mas que, na maioria das vezes, quando se refere aos povos indígenas, fica minimizado.
Quebrei os paradigmas ao conviver mais de perto com eles
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O primeiro contato de Dielci com os indígenas não aconteceu na pesquisa, mas sim enquanto trabalhava como gestora pública na área da educação no município de Amajari, Roraima, antes de iniciar o mestrado. No entanto, foi durante a pesquisa que teve um convívio maior e pôde perceber os muitos preconceitos existentes, inclusive os meus, em relação aos indígenas, conta.
Antes de conviver com os indígenas, Dielci pensava que eles haviam perdido sua cultura, pois, para ela, viviam conforme a colonização dos não indígenas. Durante a pesquisa percebi que em nenhum momento eles deixaram de viver conforme seus costumes, mas agregaram os elementos da cultura não indígena, enriquecendo ainda mais a sua, pois a cultura é dinâmica, se modifica ao longo do tempo, conclui a mestra em Ambiente e Desenvolvimento.
Características da Terra Indígena Araçá
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A Terra Indígena Araçá está localizada no município de Amajari, ao norte do Estado de Roraima. É composta por cinco comunidades: Três Corações, Araçá, Mutamba, Mangueira e Guariba. A comunidade tem uma liderança, o Tuxaua, que não detém o poder de decisão, pois tudo é resolvido no coletivo.
Segundo dados de 2012 da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), a Terra Indígena conta com 1.847 habitantes, dos quais 1.069 são da etnia Macuxi e o restante está distribuído entre as etnias Wapixana e Taurepang. Há também os nãos indígenas que migraram de outras regiões, principalmente do Nordeste (Maranhão, Ceará, Paraíba), e habitam o mesmo espaço, tendo uma relação comercial ou de casamento com os primeiros, ou seja, compartilham entre si diversos aspectos culturais, organizacionais, políticos e religiosos. Portanto, podemos afirmar que a Terra Indígena Araçá se caracteriza por ser um cenário de relações interétnicas, finaliza Dielci.
Conheça mais
Demais povos indígenas são tema de estudos e investigações na linha de pesquisa Espaços e Problemas Socioambientais do PPGAD da Univates. Confira:
- Kaingang: falantes da Língua Jê, ocupantes de áreas territoriais nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo;
- Guarani: falantes da Língua Guarani, tradicionais ocupantes de territórios de Estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e países como Uruguai, Argentina e Paraguai;
- Enawene Nawe: falantes da Língua Aruak, tradicionais ocupantes de territórios do Vale do Rio Juruena, no atual noroeste do Mato Grosso;
- Tupari, Makurap, Kampé, Aruá, Kanoê e Arikapú: falantes da Língua Tupi, ocupantes de territórios dos Rios Branco, Mequéns, Omerê, Bueno e Bacia do Ji-Paraná, em Rondônia;
- Macuxi e Taurepang (tronco linguístico Caribe) e Wapixana (tronco linguístico Aruak): ocupantes de territórios de Roraima e da Venezuela.