Artur Dullius
Os sobrenomes revelam muito da história de cada um. É a famosa pergunta: Qual é a sua descendência?, e a resposta: Italiana, Alemã, Portuguesa, seja qual for. Aprende-se nas escolas sobre a imigração europeia, e muitas vezes se esquece das populações que colonizaram o Vale do Taquari antes da chegada dos europeus.
Pela falta de dados e detalhes nos livros didáticos a respeito do tema e para tornar acessíveis à comunidade as pesquisas desenvolvidas na Univates, a Instituição realiza o projeto Educação Patrimonial: dinâmicas da colonização humana no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul. A proposta é voltada aos professores de Educação Básica das redes públicas municipal e estadual dos municípios de Boqueirão do Leão, Canudos do Vale, Cruzeiro do Sul, Forquetinha, Marques de Souza, Progresso, Santa Clara do Sul e Sério.
Este ano foram realizadas oito oficinas aos docentes, uma em cada município. Foram abordados os aspectos do povoamento pré e pós-contato com o europeu. Recebemos feedback de docentes que estão usando o material e que relatam a ajuda na educação histórica dos alunos, explica Marcos Rogério Kreutz, um dos integrantes da equipe do projeto e pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ensino (PPGEnsino).
Visibilidade às populações esquecidas
Os professores que atuam nas escolas de Educação Básica normalmente sentem dificuldade em encontrar informações sobre a história regional, o povoamento e a colonização do Vale do Taquari. O livro didático é a principal ferramenta utilizada em sala de aula, que tem carência nesse assunto. Outro obstáculo é a formação dos professores das séries iniciais, em sua grande maioria diplomados em Pedagogia. Normalmente eles não conhecem com mais profundidade o tema, tendo dificuldade em tratar do assunto.
Desde 2001 são desenvolvidas pesquisas na Univates sobre as etnias inclusas no processo de formação social, política e econômica do Vale. Os estudos abordam as sociedades que se estabeleceram na região até o século XIX. O projeto surge para suprir uma lacuna regional. Há obras com foco na imigração europeia portuguesa, alemã e italiana , mas que não falam sobre os indígenas que se estabeleceram no Vale, os jesuítas e escravizados africanos, por exemplo, conta Kreutz.
O projeto publicou um livro para dar visibilidade às populações que são geralmente esquecidas, mas que contribuíram para a formação social, econômica e política do Vale. A obra aborda a colonização dos períodos pré-colonial e colonial, a preservação da memória histórica regional e os patrimônios legados. É o papel da Arqueologia e da História, entre outras ciências, disponibilizar ferramentas que auxiliem na compreensão da diversidade cultural, para diminuir as diferenças sociais e formar cidadãos mais justos e tolerantes, reconhece o pesquisador.
Os professores precisam ter um material de apoio em que possam basear suas aulas. O livro não conseguiu abranger toda a história da região, pois é uma compilação de dados sobre o povoamento, mas pode ser usado na sala de aula. A obra reúne dissertações e artigos de pesquisadores vinculados ao Laboratório de Arqueologia do Museu de Ciências (MCN) da Instituição.
Como participar?
Divulgação
Não há custo para participar das oficinas e para receber o livro, uma vez que o projeto é vinculado ao PPGEnsino, ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) e ao Centro de Memória, Documentação e Pesquisa da Univates (CMDPU/MCN). Ele é financiado pelo Pró-Cultura RS Fundo de Apoio à Cultura , vinculado à Secretaria de Estado da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
O trabalho está sendo finalizado, porém quem tiver interesse em participar das atividades ou obter o livro pode entrar em contato pelo e-mail mrk@universo.univates.br. As ações podem ser acompanhadas pela página do projeto no Facebook: www.facebook.com/EducacaoPatrimonial.