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Responsabilidade social

O seu sorriso pode mudar o dia de alguém

Por Ana Amélia Ritt

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A preparação inicia com um espelho, a maquiagem e um nariz vermelho. Antes da caracterização, não existem palhaços, mas pessoas com a intenção de contribuir com o mundo. Após vestir a roupa especial, as brincadeiras florescem e a alegria toma conta do ambiente hospitalar. 

“Podemos entrar?”, questionam os doutores palhaços logo após bater à porta. A curiosidade de quem está dentro do quarto já desperta. “Vocês têm que alegrar muitos corações”, recomenda uma das visitantes. Outra, sentada no banco de espera do corredor, pede para tirar uma foto. Assim, as paredes brancas e os semblantes sérios são substituídos pela leveza e por sorrisos.

Ana Amélia Ritt

E Seu Sorrir?!

O projeto “E Seu Sorrir?!” foi idealizado pela estudante de Medicina da Univates Stefânia Faé, que é de Caxias do Sul, onde atuam os Médicos do Sorriso. Stefânia conta que fazia aulas de teatro na cidade e os ensaios ocorriam no mesmo local onde os doutores palhaços treinavam e se caracterizavam. O contato e a admiração pelo projeto fizeram com que Stefânia trouxesse a ideia para Lajeado. “A capacidade que o palhaço hospitalar tem de, por um pequeno espaço de tempo, levar o paciente, familiares e profissionais que estão lá a ter um momento de tranquilidade e alegria não tem preço. São pessoas em uma rotina de estresse, que por um instante distraem-se das preocupações e aproveitam a alegria de estarem ali”, conta a acadêmica.

Ana Amélia Ritt

Danrlei Heisler, responsável pelas cirurgias das fissuras na Fundação para Reabilitação das Deformidades Crânio-faciais (Fundef), localizada no Hospital Bruno Born (HBB), confirma que o projeto leva sorrisos por onde passa. “Muitos pacientes vêm de longe, então marcamos mais consultas em um dia. A espera entre as consultas se torna mais tranquila com a atuação dos doutores palhaços. Esse trabalho é bacana não só para os pacientes, mas também para quem trabalha no hospital. Os voluntários mudam a rotina e alegram o momento”, comenta.

Empatia

A atuação em hospitais ocorre desde o segundo semestre de 2016, quando a primeira turma de clowns da Univates foi formada e autorizada a atuar no HBB. No início, o grupo era composto por alunos da área da saúde, mas em 2017 um novo grupo foi formado, contemplando todas as áreas e idades.

Ana Amélia Ritt

O professor da Univates Cristiano Zluhan Pereira é um exemplo. Coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo, ele explica que sempre teve vontade de participar de um trabalho voluntário e que já vinha acompanhando o trabalho de outros grupos de doutores palhaços. “Ficava emocionado com a capacidade que eles tinham de levar alegria às situações mais difíceis”, lembra. Pereira destaca que, quando os palhaços entram nos quartos e nos demais ambientes do hospital, normalmente os semblantes são sérios e tristes, mas, após a passagem deles, o ambiente muda e fica mais descontraído. “Nas atuações, as pessoas que estão numa situação de fragilidade e muitas vezes de dor têm por alguns momentos a possibilidade de esquecer seus problemas, se distrair e sorrir”, diz ao contar que a interação com os funcionários do hospital também é muito boa, pois compartilham alegria por alguns instantes durante o trabalho.

Assim como nós passamos uma energia positiva para as pessoas, o retorno que elas nos dão é muito encantador. As pessoas entram junto na brincadeira e agradecem com os olhos. Essa sensação é boa demais. Na questão pessoal, o que mais aprendi é a empatia. Saber respeitar o tempo, o silêncio, o sorriso e a dor de cada um
estudante de Medicina Stefânia Faé

Que palhaçada!

Conheça dois dos cerca de 25 palhaços que espalham alegria no HBB:

Dra Torta
Ligada no 220W, ela aparenta ser ingênua, mas é muito malandra, e adora pregar peças nas pessoas. De Tortugal, na terra dos tortugueses, Torta se formou em Besteirologia na Univates em 2015, quando também foi contratada pelo hospital com outros doutores colegas de turma. A doutora não fala a idade e também não deixa medir sua altura. “Os melhores comprimidos estão nos menores frascos, é mais fácil tomá-los quando são pequenos”, argumenta.

Dr. Pierrê
Também formado em Besteirologia pela Univates, Pierrê é especialista em riso frouxo. O doutor vem da França e gosta muito de pintura. Apesar de falar bem português, ainda tem o sotaque do seu lugar de origem. Suas roupas remetem ao caricato de um francês.

Ficou interessado em participar?

As duas turmas de doutores palhaços formadas até o momento participaram de um curso preparatório de aproximadamente quatro meses. Conforme Stefânia, a ideia é que mais uma turma seja aberta em 2018. As aulas possuem duração de quatro horas cada e acontecem quinzenalmente. É obrigatória a presença em todas as aulas para a conclusão do curso. Acompanhe a página do projeto no Facebook (www.facebook.com/eseusorrir) e fique por dentro das novidades.

Esta matéria faz parte da edição nº 6 da Revista Univates, que pode ser conferida aqui.

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