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O artesanato como alternativa para a produção sustentável

Por Artur Dullius

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Consequências da Revolução Industrial, ocorrida no final do século XIV, levaram à criação de uma sociedade baseada na lógica do sistema produtivo em grande escala, que visa, basicamente, ao desenvolvimento econômico. Porém, se por um lado a substituição do homem pela máquina acelerou o processo, por outro influenciou no aumento da degradação ambiental.
 
Segundo relatório publicado pelo The Worldwatch Institute, o consumo teve um grande crescimento nos últimos cinquenta anos. Em 2006, o consumo mundial de bens e serviços alcançou US$ 30,5 trilhões, registrando um aumento de 28% em relação aos US$ 23,9 trilhões em 1996. Os gastos de 2006 também são seis vezes mais do que os US$ 4,9 trilhões gastos em 1960. 
 
A relação entre a vida sociocultural, a produção artesanal e suas interfaces com o design podem, no entanto, colaborar com a minimização dos impactos decorrentes de produtos que não atentam para os aspectos de sustentabilidade. Foi isso que buscou entender uma pesquisa realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento da Univates. O estudo, realizado pela mestra Ana Valquiria Prudencio, sob orientação da professora Dra. Jane M. Mazzarino, investigou e contextualizou os modos de vida e produção artesanal de três grupos que atuam na Serra Gaúcha: um que trabalha com palha de milho; mulheres que trabalham com dressa (palha de trigo trançada) e uma família que trabalha com vime na produção de cestaria e móveis.
 
De acordo com a pesquisa, os três grupos demonstraram ter práticas de cuidado com a terra e valorizarem o ambiente natural em todo o processo artesanal. O resultado demonstra o vínculo entre a mão e a mente do artesão. “Deve-se perceber os modos de vida local, de produção e respeitar as necessidades dos usuários, o que contribui de forma decisiva para o incentivo a novas formas de produção e de criação. A manutenção das tradições é o combustível natural para o artesanato realizado na Serra Gaúcha”, escreve Ana Valquíria.
 
Durante o estudo, a pesquisadora pode perceber, no entanto, que os modos de produção artesanal não tiveram muitas mudanças ao longo do tempo, basicamente mantiveram-se os mesmos desde a colonização. “As formas de fazer artesanato têm se mantido de forma idêntica com o passar dos anos. É nesse momento que entra a contribuição do campo do design, por meio da inovação dos produtos para além do que se repete, mantendo uma relação de respeito com os saberes tradicionais”, explica Jane.
 
Ana Valquíria ressalta a importância dos designers no processo. “Eles têm para si o desafio de serem conectores e facilitadores de ações que comuniquem e estabeleçam uma mudança rumo à sustentabilidade. O designer precisa aprender a ‘pensar como um artesão’. É mais do que um conhecimento da técnica ou dos materiais, vai muito além. A intervenção do design no artesanato só terá um caráter benéfico quando respeitadas as características simbólicas da produção”, aponta a pesquisadora.
 
Texto: Artur Dullius

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