Se você pudesse mudar um pouco da realidade que o cerca, o que faria? Pensando em propor atividades diferentes para espaços não escolares, o curso de Letras da Univates possui um novo estágio no currículo. Dezoito estudantes participam dessa iniciativa e sete trabalhos já foram desenvolvidos ao longo dos últimos meses em instituições da região.
Conforme a professora da disciplina, Maristela Juchum, a ideia do projeto é humanizar a interação entre as pessoas para aproveitá-la posteriormente na sala de aula. Queremos que os alunos e futuros professores entendam o mundo de maneira diferente e que essa visão possa ser transformadora, afirma. Para isso, os estudantes tiveram que pensar em uma instituição, visitá-la, identificar um problema e elaborar uma atividade que contribua para a resolução desse problema.
A atividade é pensada e desenvolvida em duplas ou trios. Os estudantes Marina Hofstätter Eidelwein, Brendom da Cunha Lussani e Dínitra Cristina Godoy Alves escolheram a Sociedade Lajeadense de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Slan). No local desenvolveram atividades lúdicas a fim de despertar nas crianças o gosto pela leitura. Os acadêmicos cumpriram seu objetivo por meio da contação de histórias do livro Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato, e de atividades que envolveram músicas, desenhos, jogos e caça ao tesouro. Enquanto planejávamos as atividades, ficávamos imaginando como seria a receptividade das crianças, e hoje podemos afirmar que foi a melhor possível. Elas deixaram-se levar pela fantasia e a imaginação. Quando nos vestíamos como algumas das personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo, elas realmente desligavam-se da realidade para viver aquele momento conosco, o que nos deu ainda mais certeza do poder que os livros, as histórias e a leitura têm: o de transformar o mundo. Foi mágico!, contam os estudantes de Letras.
Maristela destaca que a troca de histórias e conhecimentos é fundamental, mesmo que não seja especificamente na área dos acadêmicos. Essa é uma forma de eles conhecerem lugares que jamais conheceriam como professores. Queremos que dialoguem com diferentes áreas do conhecimento e também que se insiram em ambientes que não sejam uma escola tradicional, ressalta.
Os estudantes concordam, destacando que a experiência, além de bastante inovadora e desafiadora, foi muito significativa. Enquanto estudantes de Letras, sentimo-nos muito felizes com o desenvolvimento do projeto e com os frutos que ele gerou. Algumas crianças, ainda durante o estágio, afirmaram que foram até a Biblioteca Pública de Lajeado com os pais para que pudessem retirar livros. Isso fez com que percebêssemos que nossos objetivos foram alcançados, pois conseguimos envolver inclusive a família nesse processo. Fomos uma referência para os alunos sobre a importância da leitura e da interação com o texto, o que nos deixou muito satisfeitos. Por meio das falas e atitudes das crianças foi possível constatar que podemos contribuir com a educação de muitas formas, e que plantar a sementinha do gosto pela leitura com certeza é uma delas, conta a acadêmica Marina Hofstätter Eidelwein.
Essa é a primeira turma do Estágio Supervisionado II - Projeto de Investigação II - Prática de Ensino Interdisciplinar em Língua e Literatura. Além da Slan, projetos foram desenvolvidos no Centro Terapêutico São Francisco, Abrigo de Menores de Arroio do Meio (Amam), Projeto Vida Campestre, Museu Regional do Livro da Univates (MRL), Lar de Idosos RM e Casa de Repouso Aconchego.
Texto: Ana Amélia Ritt