Pensar os sistemas ambientais como ciclos fechados é um desafio e, ao mesmo tempo, representa uma oportunidade para a aplicação de novas tecnologias que possam aproveitar resíduos antes descartados em insumos para a geração de energia. Essa é uma das propostas de trabalho da pesquisa “Tecnologias aplicadas às ciências ambientais: degradação, reúso, geração de energia e biomateriais”, coordenada pela doutora Simone Stülp no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Univates.
A aplicação da fotoeletrocatálise para produzir fotossíntese artificial na conversão de dióxido de carbono (CO2) em compostos com potencial energético é uma das linhas de estudo do projeto. De acordo com Simone, além de minimizar um problema ambiental, a prática pode gerar novas fontes de energia, como metanol e etanol, a partir do CO2 atmosférico ou do gás biometano. “A fotoeletrocatálise consiste na aplicação de radiação UV natural ou artificial somada à aplicação de diferencial elétrico com semicondutores para a transformação do dióxido de carbono”, explica ela, acrescentando que essa poderia ser uma boa alternativa para o resíduo de combustão industrial.
Conforme a pesquisadora, as pesquisas científicas nessa área têm seguido cada vez mais para a nanotecnologia. “Semicondutores são materiais nanoestruturados. Aqui na Univates realizamos nosso primeiro material nanoestruturado em uma placa de titânio, ou seja, criamos tubos nanoscópicos que aumentam o potencial de condução. Esse é um grande avanço na pesquisa, uma vez que a produção desses materiais nanoestruturados não é trivial”, afirma Simone.
Essa é uma prática que a doutora pôde conferir recentemente, quando realizou pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp). “O objetivo em realizar o pós-doutorado lá foi para dar um salto em formas científicas e tecnológicas em um local de excelência nessa área de pesquisa, de forma a aproximar a pesquisa na Univates das tendências na área de tecnologia ambiental”, diz. Com a experiência, Simone afirma que o Parque Científico e Tecnológico do Vale do Taquari (Tecnovates), por ser situado no Rio Grande do Sul, está em uma ponta geográfica do país, mas nem por isso se distancia dos centros em que são realizadas as grandes pesquisas em tecnologias ambientais. “Temos estrutura e capital humano compatíveis com os melhores centros de pesquisa, o que mostra que temos condições de avançar muito”, analisa ela.
Além dessa linha, o projeto “Tecnologias aplicadas às ciências ambientais: degradação, reúso, geração de energia e biomateriais” do PPGAD também avalia o potencial energético de biomassas, em pesquisa conduzida pelo professor doutor Odorico Konrad. Saiba mais sobre o PPGAD em www.univates.br/ppgad ou pelo e-mail ppgad@univates.br.
Saiba mais
O projeto conta com a colaboração de bolsistas de iniciação científica e de estudantes de mestrado e já resultou em duas teses de doutorado, sendo uma delas a desenvolvida pela doutora Fernanda Sindelar, em que foram criados indicadores de sustentabilidade empresariais, como pode ser conferido aqui.
Texto e fotos: Nicole Morás