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Pesquisa busca identificar produtos naturais com potencial biotecnológico

Por Nicole Morás

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A biodiversidade da qual nosso país dispõe é um importante atrativo e fonte para a descoberta de produtos naturais, ou mesmo de biomoléculas derivadas, com potencial para serem aplicados no tratamento de inúmeras doenças e para o desenvolvimento de novos medicamentos, naturais ou sintéticos. Hoje, mais 50% de todas as drogas com uso clínico do mercado são oriundas de produtos naturais, sendo 25% delas de origem vegetal. Exemplos são os fitoterápicos, ou medicamentos que usam apenas plantas medicinais ou seus derivados como matéria-prima, que já são amplamente utilizados para o tratamento e profilaxia de inúmeras doenças.

Ainda existe, no entanto, necessidade crescente de busca de substâncias eficazes. Nesse cenário, o desafio da pesquisa “Efeito anti-inflamatório e anticarcinogênico de extratos vegetais em cultura celular”, coordenada pela professora Márcia Goettert e vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) da Univates, é identificar produtos naturais, em especial extratos vegetais, que possam ser utilizados como anti-inflamatórios, e até mesmo no tratamento de câncer, por meio da identificação de moléculas com esse potencial.

Segundo a professora Márcia, muitas das plantas medicinais são utilizadas conforme a sabedoria popular, sem comprovação científica. “É aí que entra nossa pesquisa, pois mesmo se tratando de plantas (um produto natural), elas podem ser perigosas para a saúde quando utilizadas sem conhecimento prévio do real efeito que possam ter. Assim, nosso objetivo é avaliar se os extratos obtidos dos produtos naturais têm potencial farmacológico e, então, encontrar novas moléculas que possam ser utilizadas como fármacos, inclusive com aplicação em células tumorais e em casos de inflamações. Outros estudos importantes são os toxicológicos, imprescindíveis na elaboração de qualquer medicamento, seja sintético ou natural ”, explica ela.

De maneira geral, os fitoterápicos são bastante utilizados devido ao baixo número de efeitos colaterais. Alguns fármacos, mesmo que sintéticos, não conseguem atuar em células específicas, causando danos também a células saudáveis – como no caso de medicamentos para câncer. “Nosso desafio é encontrar extratos ou moléculas que ajam de maneira bastante específica, aumentando a eficácia e diminuindo esses efeitos colaterais”, argumenta Márcia.

Até o momento, já foram avaliados 28 extratos de nove plantas, a maioria comumente utilizada no Vale do Taquari, e ainda três substâncias derivadas. “Por meio de screening identificamos as amostras com potencial para reverter um processo inflamatório ou se há a capacidade de matar células tumorais. Se a identificação for positiva, procuramos verificar qual mecanismo está envolvido por meio da utilização de marcadores e técnicas específicas”, explica a professora.

Conforme a coordenadora da pesquisa, diversos produtos podem ser utilizados para averiguar seu potencial biotecnológico na busca de novas moléculas terapêuticas. “Já temos alguns trabalhos publicados e resultados bastante promissores. A expectativa é que parte da pesquisa seja concluída até o final deste ano”, afirma ela.

O projeto de pesquisa teve início em 2013 e conta com quatro alunos de iniciação científica, dois alunos de graduação para a realização de trabalho de conclusão de curso, quatro alunos do mestrado do PPGBiotec, um doutorando de outra instituição e com graduação realizada na Univates e uma estudante de pós-doutorado. Para a realização do estudo também há parcerias firmadas com outras instituições, como a Universidade Federal do Mato Grosso, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Universidade Federal,do Rio Grande do Sul e a Pontifícia Universidade Católica do RS, além de universidades de Portugal e da Alemanha. Saiba mais sobre este estudo aqui ou no site www.univates.br/ppgbiotec.

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A parceria com outros pesquisadores do PPGBiotec garante o aumento das possibilidades do uso de extratos naturais. Em parceria com o grupo de pesquisa da professora Claucia Volken de Souza, visando à utilização de produtos naturais, busca-se aplicações biotecnológicas inovadoras com fins terapêuticos de subprodutos oriundos da fabricação de queijos. Já com os professores Walter O. Beys da Silva e Lucélia Santi, os extratos vegetais são analisados no controle de mosquitos e outros artrópodes, assim como na busca de novos agentes antimicrobianos. Ainda, o projeto conta com a participação da professora Ana Lúcia Abujamra.

Saiba mais
Segundo Márcia, aproximadamente 70% dos fármacos quimioterápicos são oriundos de produtos naturais. “Isso significa que extratos eficazes foram avaliados, sendo as moléculas ativas identificadas e posteriormente sintetizadas em laboratório a partir dessas moléculas. Uma flor muito comum nos quintais das casas, por exemplo, é a Cathanrantus roseus, conhecida como vinca-de-madagáscar, que serviu como base para o desenvolvimento de importantes quimioterápicos utilizados atualmente, a vimblastina e a vincristina, usadas no tratamento de câncer de ovário e testículos e de leucemia linfoblástica aguda infantil”, explica ela.

Texto: Nicole Morás

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