Dezessete estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental com o celular na mão enquanto o professor de matemática passa o conteúdo. Não, isso não é um momento de dispersão. A proposta, nessa aula, é utilizar
smartphones nos processos de ensino de matemática. André Gerstberger, pesquisador matogrossense, é mestrando pelo
Programa de Pós-Graduação do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências Exatas (PPGECE) e está por trás dessa proposta. Baseada na ação que realizou no período de outubro a dezembro de 2015 em uma Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio, localizada no município de Roca Sales, sua dissertação sugere atividades educativas com o aparelho eletrônico.
Essa pesquisa, orientada pela doutora e professora da Univates Ieda Maria Giongo, está vinculada ao grupo de pesquisa do Observatório da Educação, um programa governamental financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O Observatório da Educação surgiu devido à discrepância entre os resultados do 5º e 9º ano do Ensino Fundamental obtidos por algumas escolas da região do Vale do Taquari, e seus baixos índices quanto aos resultados das avaliações nacionais que compõem o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
“Hoje o aparelho celular é algo cultural, como se fizesse parte do nosso corpo. A maioria dos brasileiros possui um aparelho celular, tornou-se uma questão de necessidade, para se informar, comunicar, entreter e trabalhar. Por perceber que este é um aspecto cultural fortemente ligado aos nossos alunos, resolvemos trabalhar a matemática utilizando o smartphone, ancorados teoricamente numa tendência da educação matemática denominada Etnomatemática”, explica o pesquisador. Aplicativos, câmera, bloco de notas, internet e bluetooth foram algumas das opções utilizadas durante as aulas. “Conteúdos eram compartilhados por bluetooth, inclusive por causa da economia de papel. Além disso, gráficos em 2D e 3D foram construídos por meio de aplicativos e o estudo de proporcionalidade foi realizado a partir de fotos tiradas com a câmera do celular, estimando a altura de objetos desconhecidos”, conta. Gerstberger destaca que a sua pesquisa tem como objetivo mostrar como realizar trabalhos utilizando o smartphone em sala de aula. “Na escola em que lecionei nesse período, havia discussões sobre o uso desse meio na educação, mas, por ele ter emergido há pouco tempo, não sabiam como o utilizar. Minha dissertação traz ideias de atividades, reflexões e possibilidades sobre o tema, além de resultados dessas práticas”.
Sobre o interesse dos estudantes diante do aprendizado com smartphone, o mestrando afirma que eles se demonstraram entusiasmados. “Algumas funções que eles utilizavam no celular eu não conhecia, mas eles dominavam. Justamente por isso, a ferramenta torna-se muito mais atrativa. Eles acabam se sentindo dentro da matemática e dos processos de ensino”, afirma.
Participação ICME-13
Em julho deste ano, André Gerstberger irá para a Alemanha participar no 13th International Congress on Mathematical Education (ICME), um evento internacional de Educação Matemática que ocorre a cada quatro anos. A pesquisa de Gerstberger, que tem precisão de defesa para junho deste ano, será apresentada no evento.
Texto: Ana Amélia Ritt