A equipe do Laboratório de Acarologia da Univates, coordenada pelo professor doutor Noeli Juarez Ferla, está se tornando, cada vez mais, uma referência mundial no estudo de ácaros. Um exemplo disso é o fato de que uma pesquisadora da Universidade de Ordu, na Turquia, enviou, recentemente, espécimes de ácaros encontrados no país euro-asiático para que fossem identificados pela equipe do Laboratório – mais especificamente, pelo pesquisador Matheus dos Santos Rocha.
O biólogo conta que a pesquisadora Rana Akyazi atua na Faculdade de Agricultura, no departamento de Proteção de Plantas da instituição turca, com controle biológico aplicado e taxonomia (estudo de características morfológicas dos animais). Por trabalhar com ácaros em vegetais e já ter lido sobre identificações de espécimes do grupo taxonômico Cunaxidae, a pesquisadora entrou em contato com o coordenador do laboratório, professor Ferla, solicitando a identificação de alguns espécimes.
O pesquisador Matheus Rocha também é responsável por atualizar as informações sobre essa família de ácaros no Catálogo da Fauna Brasileira e, em seu último trabalho, desenvolvido como parte de sua dissertação, descreveu três novas espécimes. Entre elas, um gênero que ainda não havia sido encontrado no Brasil e uma espécime considerada a primeira do gênero para as Américas.
De acordo com o professor Ferla, os pesquisadores da Turquia têm Matheus Rocha como referência de qualidade de pesquisa nesse grupo e, por isso, decidiram enviar o material para a Univates. “Isso é um reconhecimento do nosso trabalho, do cuidado que temos em nossas pesquisas, e não se consegue de uma hora para outra. É um longo e cuidadoso trabalho de equipe”, ressalta o pesquisador.
Pesquisadores são referência mundial em três grupos de ácaros
Rocha começou a pesquisar em 2012 e já recebeu materiais, além da Turquia, de locais como Bahia e São Paulo. Recentemente, foi consultado por pesquisadores do Equador para receber e realizar identificação de material coletado nesse país. Em breve, estudará também a vegetação da Amazônia. Outros pesquisadores vinculados ao Laboratório de Acarologia da Univates também se tornaram referência em suas áreas.
É o caso da doutora Liana Johann, docente do curso de Ciências Biológicas, que está publicando um artigo com um grupo de professores japoneses sobre ácaros da família Stigmaeidae. Ela iniciou seus estudos na Univates e teve suas produções reconhecidas por pesquisadores do Japão, que também enviaram espécimes para que fossem identificados por ela. “Alguns grupos são mais frequentes no Brasil, o que também acontece em outros países. Então, é importante enviar para especialistas, para que não sejam identificados de forma equivocada”, explica Ferla.
Mais um exemplo é o pesquisador Guilherme Liberato da Silva, também vinculado ao Laboratório de Acarologia da Univates, responsável por outra família de ácaros. Ele enviou, recentemente, um catálogo mundial sobre o grupo Tydeidae para publicação em Londres. O catálogo é uma importante fonte de consulta para pesquisa já que oferece e organiza informações sobre os organismos do grupo. A obra inclui materiais de países como China e Rússia. “Quando se organiza um catálogo, necessitamos ter acesso a todas as informações. Um catálogo está entre os materiais mais utilizados no âmbito da pesquisa, sendo citado em muitos outros trabalhos”, acrescenta Ferla.
Tanto a professora Liana quanto o doutorando Guilherme são responsáveis por atualizar as informações sobre suas respectivas famílias acarinas no Catálogo da Fauna Brasileira. O professor Ferla comenta que a equipe está muito feliz pelos materiais que chegam de outros locais do mundo para que sejam identificados na Univates. “Os ácaros estão no ambiente e quando encontramos uma nova espécime, temos dois caminhos: ou mandamos para especialistas ou estudamos, e nós optamos por estudar”, complementa.
Há diversos congressos na área da acarologia e o mais importante é o International Congress of Acarology – ICA, que acontece a cada quatro anos. O próximo será em 2018, na cidade de Ordu. O fato ressalta a importância do centro de pesquisa da instituição turca. “Se tudo der certo, estaremos na Turquia em 2018”, completa Ferla.
Texto: Tuane Eggers
