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Comer, um ato ecológico e político

Por Tuane Eggers

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A premiada chef Regina Tchelly, criadora do projeto Favela Orgânica, esteve na Univates, no mês de março, para ministrar uma aula-show aos estudantes dos cursos de Gastronomia e de Nutrição. Na ocasião, ela conversou com o público e contou sobre sua trajetória na área gastronômica. Utilizando música para descontrair o ambiente, Regina justificou: “alimentação é vida, é amor. Quem trabalha com alimento tem que ter alegria”.

E foi por toda essa alegria e vontade de transformar a sua comunidade que entrevistamos Regina. Confira nessas páginas as motivações e reflexões da chef.

- Como surgiu o projeto Favela Orgânica e que tipo de ações são realizadas?
O projeto nasceu da minha experiência como cozinheira, nordestina, e pelas demandas da comunidade onde moro atualmente, no Rio de Janeiro. Além disso, em função das quantidades de alimentos desperdiçadas diariamente, e pela hipocrisia dos cozinheiros que, muitas vezes, querem ser mais estrelas do que o alimento. O projeto trabalha com o consumo consciente dos alimentos. E para que ele seja consciente, penso da seguinte forma: que o ato de consumir e cozinhar use os alimentos na sua totalidade; e que aquilo que não conseguimos utilizar, vire composto, que serve de adubo para produzir mais alimentos. Ou seja, além de usar tudo aquilo que eu tiver na minha casa, a ideia também é devolver para a terra aquilo que ela nos dá, seja aproveitando a quantidade dos alimentos ou produzindo mais alimentos com adubo. Assim, o ciclo se completa e se complementa.

- Qual a importância de aproveitar os alimentos em sua totalidade?
Em primeiro lugar, é pensar no alimento de amanhã, porque o alimento em si é um sofrimento, ele vai faltar por causa do nosso consumo. Além disso, a importância de aproveitar melhor os alimentos, de querer mais saúde, mais economia, pensar no meio ambiente e, automaticamente, cuidar da cidade, da sua casa, da sustentabilidade do planeta. Se pensarmos no produtor, no alimento, é só benefício pra nós.

- Que tipo de alimentos possuem alto valor nutricional e são comumente desperdiçados?
Um alimento clássico é a casca de banana, que tem mais nutrientes que a própria banana, e quase sempre é desperdiçada. Mas a maioria dos alimentos têm propriedades muito boas. Por exemplo: quando eu comia pêras sem casca, minha digestão demorava. Agora, comendo a pêra com casca, facilita minha digestão, porque ela tem mais fibras e auxiliam no processo. Esses são só alguns exemplos.

- Quais mudanças em nossos hábitos alimentares você considera as mais essenciais e urgentes?
Primeiro, não podemos pensar nos hábitos alimentares sem pensarmos em nós mesmos, sem refletirmos sobre o que estamos consumindo, o que estamos colocando para dentro do nosso organismo. O que estou fazendo para a minha casa? O que estou fazendo pra minha comunidade? Quando a gente reflete sobre isso fica muito mais fácil, porque a gente fica com a cabeça mais aberta, pensando mais no produtor, na semente, em tudo o que podemos trazer para nosso benefício. Temos que pensar na quantidade de alimentos que vamos comer, de onde eles vêm, irmos atrás dos produtores. Além disso, quando abrimos nossa geladeira, devemos pensar se realmente estamos precisando comprar mais determinado alimento. Às vezes, um pouquinho de legumes e frutas pode render alimentos para vários dias.

- Comer é um ato agrícola, mas é também um ato ecológico e um ato político. Nesse sentido, o que o consumidor pode fazer em prol de uma alimentação mais sustentável?
Conhecer o produtor, comer os alimentos da época, trabalhar com alimentos mais espontâneos, que não são o convencional. Além disso, valorizar a produção local, atingindo a sustentabilidade. Fazer isso é também valorizar a nossa cultura gastronômica. É valorizar aquela senhorinha que faz o pão há anos na nossa cidade, ir conhecer seus ingredientes. Enfim, sair da zona de conforto e conhecer a alimentação.

- De que maneira você sugere conciliar a pressa e a velocidade do mundo contemporâneo com uma alimentação saudável e sustentável?
Penso que é necessária uma mudança de hábitos, pois é melhor adquirir novos hábitos para uma vida mais saudável e prolongada do que se acostumar com esse mundo cotidiano em que estamos nos encaminhando para ter cada vez menos dias de vida, com mais doenças, mais obesidade. Muitas doenças contemporâneas poderiam ser curadas com a alimentação.

- Por fim, uma curiosidade: quais alimentos considerados "estranhos" para a culinária tradicional você costuma aproveitar nas suas receitas?
Eu uso tudo o que o povo não usa. Uso coração de banana, casca de banana, talo de brócolis, ora-pro-nobis, língua de vaca, todos os alimentos, porque trabalho com o que há disponível no local.

Esta entrevista foi publicada no Jornal da Univates, disponível aqui:

Texto: Tuane Eggers

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