Com o objetivo de transcender as leituras tradicionais presentes no cotidiano escolar e explorar novas possibilidades, três estudantes do curso de Letras da Univates abordaram, em seu projeto de estágio de Literatura no Ensino Fundamental, o tema literatura de cordel. A atividade, no entanto, contou com uma ação criativa e interdisciplinar, em parceria com os cursos de Design de Moda e de Gastronomia.
As acadêmicas Beatriz Freire, Daniela Bizarro e Fabiane Goergen buscaram, com a iniciativa, ampliar os horizontes literários e culturais de seus alunos de Ensino Fundamental. Para isso, contataram a professora Cláudia Foletto, que ministra a disciplina Tecnologia Têxtil, para coordenar uma atividade de criação envolvendo estudantes de Design de Moda.
Com pesquisa prévia realizada pelas acadêmicas de Letras, a turma de Tecnologia Têxtil foi convidada a criar e desenvolver roupas para Barbie e Ken, a partir da literatura de cordel. O tema escolhido para a mostra foi o Cangaço. Na pesquisa, foram observados aspectos como o vestuário dos cangaceiros, tipos de tecidos que utilizavam, quem desenhava e modelava suas roupas.
A atividade resultou em uma exposição que pode ser conferida no hall do Prédio 12 da Univates. A mostra foi levada para a escola Castelo Branco e será exposta, no dia 3 de junho, na escola Santo André, ambas localizadas em Lajeado, juntamente com pôsteres cedidos pelo Serviço Social do Comércio (SESC) e cordéis produzidos pelos estudantes das escolas.
A iniciativa também contou com uma participação especial do acadêmico Rafael Maccari, do curso de Gastronomia da Univates, que foi convidado a preparar tapioca, iguaria tipicamente brasileira, na escola Santo André. Ele conta que recebeu com o convite com o desafio de passar para as crianças conhecimentos sobre os sabores da região estudada, com um prato simples que remetesse ao sabor. “Simplesmente ler e olhar gravuras seria mais cômodo, mas com esse projeto as crianças tiveram contato com os bonecos vestidos à caráter e, para encerrar, descobriram um pouco dos sabores locais. O método de ensino fez com que as crianças se interessassem e tivessem curiosidade pelo aprendizado”, ressalta Maccari.
A acadêmica Daniela acrescenta que as duas atividades foram fundamentais para o estágio, pois possibilitaram algo significativo ao trabalho desenvolvido. “Foi uma atividade maravilhosa, que proporcionou a todos nós conhecermos um pouco mais sobre a cultura nordestina”, completa a estudante.
Saiba mais sobre a literatura de cordel
A literatura de cordel é um tipo de poesia folclórica e popular que tem suas raízes no nordeste brasileiro. Em Portugal, tinha-se a tradição de pendurar os folhetos de cordel em barbantes, e essa tradição se espalhou pela região brasileira, tendo sua denominação herdada dos portugueses. Porém, a tradição do barbante não se manteve.
Na segunda metade do século XIX, os folhetos já possuíam as características do Brasil e os temas eram variados: fatos cotidianos, episódios históricos, lendas, temas religiosos, entre tantos outros. As façanhas do cangaceiro Lampião e o suicídio do presente Getúlio Vargas são alguns dos assuntos de cordéis que tiveram maior tiragem no passado, pois se tratam de fatos importantes para o país.
No início, os folhetos costumavam ser vendidos pelos próprios autores, em mercados e feiras, e ainda hoje podemos encontrar os exemplares em lonas, malas estendidas nas feiras populares ou pendurados e cordões. Os folhetos são ilustrados com o processo de xilogravura. Atualmente, os principais assuntos retratados nos livretos são: festas, política, secas, disputas, brigas, milagres, vida dos cangaceiros, atos de heroísmo e mortes de personalidades.
Texto: Tuane Eggers