O potencial do FoodDesign para melhorar os hábitos alimentares. Esse foi o tema da palestra ministrada pelo uruguaio Gastón Rodríguez Lepera, na noite desta quarta-feira, dia 22, no Teatro do Centro Cultural Univates. A atividade integrou a programação do 8º Congresso de Ciência e Tecnologia do Vale do Taquari (CCTEC), que prossegue até sábado, dia 25.
Lepera atua como designer industrial e gestor de design, além de ser membro acadêmico da comissão executiva da Escola Universitária Centro de Design (EUCD) da Universidad de la República Oriental del Uruguay (Udelar). Em sua fala, o palestrante contextualizou o design em alimentos a partir da abordagem comercial e política e a rastreabilidade na cadeia de abastecimento para o usuário.
O designer iniciou sua palestra explicando sobre a herança europeia na história da alimentação. Antigamente, as pessoas comiam somente uma vez por dia e, com o passar do tempo, a alimentação básica passou a ser de três vezes ao dia. “Até o século XX, quase todo o ideal da humanidade era combater a escassez de alimentos. No entanto, a partir daí, a alimentação passou a ser uma commodity”, ressaltou.
De acordo com Lepera, é interessante como o homem consegue se adaptar às condições que o meio oferece. “Tem uma frase que diz que somos o que comemos, mas isso não é certo. Somos o que comemos, mas é importante considerar as emoções e os sentimentos no momento de fazer a ingestão”, argumentou ele.
Para o palestrante, é inevitável a necessidade de conseguir um equilíbrio em nossa alimentação, e o design é um meio importante para ajudar a mudar as coisas. Lepera explicou seis áreas em que o design pode contribuir nesse sentido: publicidade, design de embalagens, design de etiquetas, gôndolas, ensino e rastreabilidade. “É difícil pensar onde vai chegar o homem se continuar com esses hábitos de alimentação”, destacou Lepera.
Ao trazer dados sobre a alimentação infantil em alguns lugares do mundo, o palestrante refletiu sobre o papel da publicidade neste sentido. Em seguida, Lepera mostrou alguns exemplos de como o design pode contribuir com a mudança em algumas áreas, por exemplo, nas embalagens dos produtos alimentícios. “O mundo está tentando graficar a tabela nutricional de outra maneira, para que fique mais visível, na frente dos produtos”, disse.
Outro ponto citado pelo designer é a necessidade de criar um terceiro nível de informação, que seriam as propriedades do alimento relacionadas à saúde. Dessa forma, as informações envolveriam o que é o alimento, que tipo de nutrientes ele contém e sua condição relacionada à saúde – por exemplo, se causa algum problema ou se contribui para diminuir as chances de alguma doença. “É um dever reunir as empresas, as autoridades e os centros comerciais com foco no indivíduo”, complementou.
Como exemplo de atitudes negativas idealizadas pelo mercado, ele comentou sobre as balas, que geralmente são colocadas na parte de baixo da gôndola ao lado do caixa, com o objetivo de seduzir as crianças. “Eu sei que isso que estou falando vai contra muitos interesses, mas são pequenas ações que podem ser trabalhadas para ir mudando os hábitos, pois os problemas que podem trazer no futuro são bem grandes”, acrescentou Lepera.
O evento foi promovido pelo Núcleo de Cultura e Eventos da Univates.
Outros eventos
A programação do 8º CCTEC contempla mais de cem atividades, entre elas, o IX Workshop de Engenharia e Tecnologia – WET, o Technology Day, a III Semana Acadêmica da Computação e Informática, a V Semana Acadêmica da Química e de Alimentos, a VI Olimpíada de Informática, o XV Workshop de Alimentos, a IV Feira de Ciências, a X Semana Acadêmica das Engenharias, o VII Seminário de Andamento dos Trabalhos de Conclusão dos Cursos de Engenharia e Bacharelado em Sistemas de Informação, além de diversos minicursos e campeonato de futebol. A programação completa pode ser conferida no site www.univates.br/cctec.
Texto: Tuane Eggers
