Reflexões sobre a igualdade de acesso ao Ensino Superior, sob as perspectivas dos países Inglaterra, Quênia e Brasil, foram abordadas em palestra na tarde desta segunda-feira, dia 15, na Univates. A atividade, ministrada pelo pesquisador doutor Tristan McCowan, do Instituto de Educação da Universidade de Londres, foi prestigiada por professores da Univates.
Na abertura do evento, o reitor da Instituição, Ney José Lazzari, agradeceu a presença de todos e explicou que uma das áreas pesquisadas pelo professor inglês envolve as estruturas das universidades. “Ele tem estudado instituições na Inglaterra, na África e no Brasil. E um modelo que tem chamado a atenção dele por aqui é o conjunto das universidades do Comung, o Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas”, ressaltou ele.
Em sua fala, McCowan falou que sente-se feliz de estar na Univates e poder conhecer de perto as universidades do Comung, pois uma união como essa é rara. De acordo com ele, o que se percebe referente às Instituições de Ensino Superior é que grandes instituições financeiras estão retomando seu interesse por elas, relembrando que nas décadas de 80 e 90 foram feitos muitos cortes de verbas na área da educação. “Se vocês acham que as universidades brasileiras carecem de recursos, vocês precisam ver as instituições na África, como elas sofreram com esses cortes”, afirmou ele.
McCowan acredita que está sendo retomada a ideia de que a educação é importante. No entanto, considera que alguns aspectos devem ser repensados com mais atenção. “Qual universidade que queremos? Para qual desenvolvimento?”, questionou o professor, acrescentando que um modelo que está se expandindo no mundo é a universidade mercantilizada, com cada vez mais cursos a distância. “É importante pensar que tipo de universidade queremos, e qual seria um modelo justo para o desenvolvimento da sociedade”, complementou.
Para o pesquisador, o Brasil é importante nesta pesquisa comparativa porque os três países são muito diferentes. “A Inglaterra é um país de renda alta, o Brasil é um país de renda média alta, que está enriquecendo rapidamente, e o outro é a Quênia, que é um país de baixa renda. Uma questão que percebo que todas as instituições se preocupam é sobre como se expande o sistema sem gastar muito”, comentou McCowan.
Durante a sua palestra, o pesquisador explicou que o acesso à universidade é importante por três motivos: o valor intrínseco, o valor instrumental e o valor posicional. Segundo ele, o valor posicional diferencia a educação de muitas outras áreas. “A distribuição do bem de Educação Superior é muito, mas muito importante, porque influencia a posição dos outros na sociedade”, refletiu McCowan.
Em seguida, o palestrante falou sobre o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Educação, adotado pela ONU em 1966, que afirma que todos têm direito à educação. No entanto, segundo ele, há algo importante que não é comentado, que é a questão da distribuição das vagas, já que não há vagas para todos.
Conforme McCowan, há duas principais barreiras para ingressar na universidade: a forma de ingresso e as mensalidades. “Países diferentes têm convenções e combinações diferentes sobre isso”, destacou. Após, o pesquisador apresentou alguns dados estatísticos sobre o número de estudantes que os três países possuem para cada 100 mil habitantes. No caso da Inglaterra, são 4.049 estudantes. No Brasil, o número varia para 2.503. Já na Quênia, o número é de apenas 441. Ele acrescentou aos dados algumas especificidades do sistema educacional de cada país.
A palestra integra a programação da Missão Acadêmica Interinstitucional, organizada em parceria entre a Univates, Universidade de Caxias do Sul (UCS) e Universidade do Vale do Itajaí (Univali) com a Universidade de Londres.
Texto: Tuane Eggers
