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Cures: espaço de formação diferenciada na área da saúde

Postado em 15/10/2013 15h19min

Por Tuane Eggers

A interdisciplinaridade é conceito cada vez mais presente nas profissões da área da saúde. Ela busca a máxima exploração das potencialidades de cada ciência, a troca de saberes entre as diferentes áreas, respeitando as especificidades, por meio da interação e da cooperação, na constituição da ampliação do olhar sobre as pessoas e suas necessidades e no campo de atuação dos profissionais da saúde. Por isso, é um dos referenciais norteadores da Cures.

Desde março de 2011, a Clínica Universitária Regional de Educação em Saúde vem sendo um importante espaço de aprendizado aos estudantes da área da saúde da Instituição. Além disso, vem reforçando uma parceria cada vez mais relevante para as equipes da rede de cuidados em saúde de quatro municípios do Vale do Taquari, com os quais possui convênio: Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Estrela e Lajeado.

Atualmente, professores e estudantes de seis cursos integram a equipe: Educação Física – bacharelado, Enfermagem, Fisioterapia, Farmácia, Nutrição e Psicologia. O papel dos professores é de, principalmente, orientar e supervisionar as atividades desenvolvidas pelos acadêmicos. Todos os atendimentos são referenciados por algum profissional da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) e de outras áreas, como Educação e Assistência Social, de um dos municípios conveniados.

Conforme a coordenadora da Cures, professora Olinda Saldanha, são realizadas diferentes atividades na clínica, como grupos de promoção da saúde, atendimentos individuais, ações de assistência às equipes dos municípios, entre outras. As demandas por atividades partem sempre dos municípios conveniados e são avaliadas pela coordenação e supervisores. Essas ações são realizadas por estagiários – curriculares ou voluntários – e têm como objetivo oportunizar experiências pautadas na integralidade da atenção, por meio do trabalho em equipes multiprofissionais, com vistas à intersetorialidade entre profissionais, tendo sempre as necessidades de saúde dos usuários como centro das ações.

Uma das primeiras ações feitas pelos acadêmicos/estagiários é a análise da situação de saúde, com o objetivo de conhecer o contexto dos municípios conveniados e da vida dos usuários. “São examinados dados socioeconômicos, demográficos, epidemiológicos e de infraestrutura para que, quando comecem os atendimentos, os estudantes possam conhecer o contexto em que vivem as pessoas de cada município”, explica a professora.

A próxima etapa é o acolhimento, feito a partir do momento em que os estudantes recebem o documento de referência das pessoas a serem atendidas, com as informações e dados da solicitação de encaminhamento. São momentos de encontro com conversas feitas por estagiários de diferentes áreas, dependendo da necessidade e da situação de cada pessoa. “A partir desses encontros, os casos são discutidos com os professores supervisores para decidirem qual foco de atendimento será dado a cada um. A ideia é que o atendimento continue da mesma forma na rede de cada município, com a assistência de que cada pessoa necessita”, afirma Olinda.

A Cures costuma trabalhar com prontuário único, ou seja, mesmo que o atendimento seja realizado por estudantes de diferentes cursos, todos os procedimentos são registrados em uma única ficha. Outra ação realizada pela Clínica é o Projeto Terapêutico Singular (PTS), por meio do qual são planejadas pela equipe multiprofissional, com a participação da pessoa em atendimento, atividades de acordo com as necessidades identificadas, considerando também o contexto socioeconômico e as possibilidades do paciente.

A equipe também desenvolve ações de Apoio Institucional, quando solicitadas pela gestão ou pelas equipes de saúde dos municípios, para implementar mudanças nos processos de cuidado ou políticas de atenção à saúde; e de Apoio Matricial, para situações em que a equipe do município precise desenvolver atividades e considere a necessidade de apoio e qualificação para realizar ou ampliar as ações. Os estudantes também fazem encontros para debater temas transversais, com o objetivo de discutir e compartilhar saberes e experiências sobre esses assuntos, além de participarem de oficinas sobre os mais diversos assuntos.

Segundo a professora Olinda, é nessas atividades que se dá a formação interdisciplinar, pois os acadêmicos podem experimentar a prática não apenas da sua área, mas passam a ter uma noção de diversos aspectos essenciais de outras áreas para poder compreender a saúde em sua integralidade. “Na sala de aula, muitos conceitos são ensinados de forma breve e teórica. Aqui eles podem vivenciar na prática, mesmo que cada curso tenha um tempo diferente de estágio”, ressalta.

Ela conta que, quanto maior o tempo de estágio dos acadêmicos, melhor tem sido o retorno por parte deles, pois podem participar de um número maior de atividades, qualificando a experiência. “Os alunos são orientados a atender as pessoas, e não as doenças. Buscamos colocar as necessidades do usuário no centro das ações, considerando as possibilidades e potencialidades da rede”, salienta a professora.

Além do estágio curricular...

Em 2012, cerca de 80 estagiários de diversos cursos passaram pela Cures. Em 2013, o número mais que dobrou: são cerca de 190 estagiários. Alguns estudantes gostam tanto da experiência que resolvem permanecer na Cures de forma voluntária. Esse é o caso da acadêmica Jéssica Schuster, do curso de Nutrição. Ela iniciou seu trabalho voluntário no primeiro semestre deste ano e decidiu continuar a experiência de aprendizado. “Aqui podemos ver e fazer o que aprendemos em sala de aula. E trabalhamos com os princípios do SUS: universalidade, integralidade, equidade, descentralização e participação social”, afirma.

Jéssica conta que teve a oportunidade de realizar atendimentos com acadêmicos de quatro cursos: Educação Física, Farmácia, Fisioterapia e Psicologia. “Pra mim, o maior benefício foi o aprendizado, pois conheci muitos assuntos de outras áreas além da minha. O principal benefício é para as pessoas atendidas, porque, mesmo que elas tenham sido referenciadas por uma área específica, sempre precisam de mais atendimentos e diferentes olhares para as suas necessidades”, observa. A estudante acompanha um grupo de 17 idosos do município de Arroio do Meio em uma equipe interdisciplinar. Entre as atividades desenvolvidas estão rodas de conversa, oficinas e dinâmicas, com o objetivo de atender as necessidades do grupo e desenvolver habilidades para realizar diferentes ações de cuidado.

Outra aluna que iniciou seu trabalho na Cures de forma voluntária foi Camila Marchese, formanda do curso de Enfermagem. Sua atuação iniciou em março de 2011. “Vejo que a Clínica evoluiu muito, e o ensino que se tem aqui é um diferencial, pois o que se aprende na Cures é o que se vê no mercado de trabalho como uma necessidade”, conta a estudante, que agora realiza seu estágio curricular no local.

Camila acredita que o aspecto que mais enriqueceu seu aprendizado foi o fato de aprender a lidar com as pessoas atendidas. “Quando eu estava na frente de um paciente, não sabia bem como chegar e começar a conversar. Hoje sou uma pessoa diferente, pois sei conversar e entender o que ela precisa. E, muitas vezes, o que as pessoas precisam é de apenas uma boa conversa”, analisa. A acadêmica acrescenta ainda que a Cures oportuniza conhecimento amplo na área da saúde. “A gente aprende a pensar no paciente não só na nossa área de atuação, mas refletindo sobre as outras áreas também. Se os estudantes participarem da Cures, com certeza terão uma formação diferenciada”, completa.

 

Texto: Tuane Eggers

Equipe da Cures no semestre 2013/B

Tuane Eggers

Uma das atividades oferecidas aos participantes da Cures são oficinas sobre diversos assuntos

Tuane Eggers

Jéssica Schuster, do curso de Nutrição, atua como voluntária desde o início deste ano

Tuane Eggers

Camila Marchese iniciou a atuação na Cures como voluntária, em 2011, e agora realiza estágio curricular

Tuane Eggers

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