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Apaixonadas pela tradição gaúcha, elas se dividem entre a sala de aula e o CTG

Postado em 23/08/2013 09h27min

Por Ana Paula Vieira Labres

O tempo dessas meninas é dividido entre as inúmeras tarefas exigidas durante a graduação e os diversos encargos atrelados a um título especial: elas representam Centros de Tradições Gaúchas (CTGs), ostentando o título de 1ª Prenda. E foi ao estilo da autêntica pilcha gaúcha, com vestido típico e flor no cabelo, que elas circularam pelo câmpus e nos contaram um pouco sobre a importância de ser prenda de faixa e os desafios de ocupar o cargo.

Desenvoltura e amor incondicional pela cultura gaúcha não lhes falta. Tão grande é esse sentimento que elas ocupam o cargo máximo da juventude gaúcha dentro do CTG com o título de 1ª Prenda. E para chegar ao cargo, em muitos casos é necessário passar por uma espécie de “vestibular da tradição”. Os concursos de prendas, seja de CTG, da Região Tradicionalista ou do Estado, envolvem prova escrita com questões sobre História e Geografia do Rio Grande do Sul, tradição, tradicionalismo e folclore, e uma redação. Elas também precisam concluir um relatório de atividades contendo projetos sociais, preparar uma mostra folclórica, realizar uma prova oral e mostrar seu talento artístico, por meio do canto ou declamação e danças. E tanta dedicação não se limita apenas à preparação para os concursos ou às atividades da Semana Farroupilha. Uma prenda tem trabalho o ano todo, afinal de contas, a incumbência de levar adiante a tradição gaúcha deve ser feita de geração para geração.

E conciliar palestras, oficinas, projetos e uma agenda extensa de eventos do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) com a vida acadêmica não é tarefa muito fácil. Mas para algumas das alunas da Univates que também são prendas de faixa, é possível atender a todos os compromissos. É o caso de Cátia Baldissera, 1ª Prenda, e Júlia Krieger, 1ª Chinoca, ambas do CTG Raça Gaudéria, de Estrela, e estudantes de Ciências Contábeis; Carolina Bouvie dos Santos, 1ª Prenda do DTG General Canabarro, de Teutônia, aluna de Ciências Exatas; e Fernanda Nicaretta, 1ª Prenda do CTG Bento Gonçalves, de Lajeado, e estudante de Psicologia.

Para Júlia, que é tradicionalista há algum tempo, conciliar todas as tarefas às vezes é complicado. “Em determinados momentos, abro mão de tarefas pessoais para cumprir com as obrigações do CTG, mas nunca deixei de fazer algum trabalho de aula, por exemplo”, explica ela, que conversa com os seus colegas de aula sobre a vida de prenda. “Muitos têm curiosidade em saber como é participar de CTG”, ressalta.

Carolina acumula em sua caminhada tradicionalista muitas experiências. Já foi 1ª Prenda da 24ª RT, concorreu à Prenda do RS e dançou no Encontro de Arte e Tradição Gaúcha, o Enart. Desde que ingressou na Univates, em 2007, concilia sua vida de prenda com a acadêmica. O mais difícil, para ela, foi conciliar os estudos, pois ser prenda exige muita preparação, além daquela da sala de aula. “Na época dos ensaios para o Enart, eu dormia às três horas da manhã e acordava às sete, além de frequentar as aulas todas as noites. Mas não me arrependo de nada e tudo vale a pena. Quando tu fazes de coração e é um sonho e objetivo, tu dás um jeito, tu te adaptas”, fala, orgulhosa.

Cátia e Fernanda, que iniciaram o prendado há poucos meses, também estão dando conta do recado. “Quando a gente faz de coração vale a pena”, diz Cátia. “Quando tu assumes essa responsabilidade tens que se dedicar ao máximo”, completa Fernanda.

 

E a nossa conversa com as prendas foi além. Confira abaixo como elas veem a participação dos jovens no MTG, se já foram motivo de piada por estarem pilchadas e como enxergam o ambiente universitário na propagação da cultura gaúcha.

Como veem o tradicionalismo na vida de um jovem?

“A união da família é característica presente nos CTGs, pois encontramos desde crianças até avós participando juntos das mesmas atividades. Além disso, fazemos muitos amigos. E é uma amizade diferente, pois nos tornamos uma família. Somos como irmãos. Também aprendemos muito a respeitar ao próximo”.

Já sofreram algum tipo de preconceito ou piadas por estarem pilchadas?

“É sempre algo diferente. Quando estamos pilchadas em outros locais, tem gente que pergunta: 'Tem baile?' ou 'Já é Semana Farroupilha?'. Algumas pessoas não sabem que as atividades tradicionalistas acontecem o ano todo, não apenas em setembro. Já ocorreu de nos chamarem de princesa ou rainha, mas isso ocorre mais nas escolas.

Algo que às vezes nos entristece é o fato de as escolas nos convidarem para dar palestras ou oficinas apenas durante a Semana Farroupilha. Claro, nós vamos com prazer, mas nós estamos no CTG trabalhando, cultuando a tradição e estudando durante todo o ano. Estamos preparadas o ano inteiro para atender a esses pedidos”.

Como veem o ambiente universitário na propagação da cultura gaúcha?

“Acreditamos que a universidade tenta ser um espaço para diversas manifestações culturais, para todos os gostos e tendências trazidos pelos acadêmicos. Porém, a tradição gaúcha é algo muito nosso. Ela não vem de fora ou é um folclore. Nós moramos no Rio Grande do Sul. A cultura é nossa, não precisa ser algo extraordinário. Ela tem de fazer parte do dia a dia porque ela é daqui. Somos gaúchos o ano todo e não precisamos esperar a Semana Farroupilha para se falar ou se cultuar a tradição.

Acreditamos que isso deveria ser mais dissolvido, principalmente no ambiente acadêmico. Por isso, muitas vezes, há a confusão com princesa ou rainha. E ser chamada de Prenda deveria ser mais natural porque é da nossa cultura. É impossível que alguém que nasceu no Rio Grande do Sul nunca tenha ouvido falar de uma prenda ou do que é um CTG. Tratar sobre esse assunto deveria ser algo mais natural”.

O que pensam para o futuro?

Cátia Baldissera

No CTG – desenvolver projetos sociais, principalmente dentro das escolas.

Na Univates – me formar no semestre 2014/B e logo após cursar uma pós-graduação.

 

Carolina Bouvie dos Santos

No CTG – continuar cultuando e divulgando a tradição gaúcha.

Na Univates – em 2014 concluir a graduação.

 

Fernanda Nicaretta

No CTG – participar do concurso regional de Prendas e desenvolver projetos nas escolas.

Na Univates – concluir a graduação em 2014/B.

 

Júlia Krieger

No CTG – continuar difundindo a nossa tradição nas escolas e continuar dançando.

Na Univates – me formar na graduação neste ano, continuar estudando e fazendo cursos.

 

Conheça um pouco mais dessas prendas:

Nome: Carolina Bouvie dos Santos

Idade: 26 anos

Cidade: Arroio do Meio

Curso: Licenciatura em Ciências Exatas

Semestre:

Entidade: DTG General Canabarro – Teutônia

 

Nome: Júlia Krieger

Idade: 24 anos

Cidade: Lajeado

Curso: Ciências Contábeis

Semestre:

Entidade: CTG Raça Gaudéria - Estela

 

Nome: Cátia Baldissera

Idade: 23 anos

Cidade: Estrela

Curso: Ciências Contábeis

Semestre:

Entidade: CTG Raça Gaudéria

 

Nome: Fernanda Nicaretta

Idade: 22

Cidade: Lajeado

Curso: Psicologia

Semestre:

Entidade: CTG Bento Gonçalves

 

Você sabia?

No Rio Grande do Sul, a palavra prenda é utilizada para designar a mulher gaúcha e tem o significado de joia.

 

Texto: Ana Paula Vieira Labres

(Da esquerda para a direita): Fernanda Nicaretta, Cátia Baldissera, Carolina Bouvie dos Santos e Júlia Krieger

Ana Paula Vieira Labres

Prendas de faixa trabalham durante todo o ano em prol da cultura e da tradição gaúcha

Ana Paula Vieira Labres

Prendas de faixa trabalham durante todo o ano em prol da cultura e da tradição gaúcha

Ana Paula Vieira Labres

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