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Laguinho da Univates: espaço de preservação da biodiversidade

Postado em 11/12/2012 16h47min

Por Tuane Eggers

Em meio ao desenvolvimento de tantas novas obras na Univates, a área central do câmpus de Lajeado, mais conhecida como “laguinho”, é um ambiente de respiro e de preservação da biodiversidade. 

Conforme a bióloga da Instituição, Cátia Gonçalves, esta área já foi bem diferente há algum tempo, quando era um açude utilizado para dessedentação de animais e lavagem de frascos de vidro de uma antiga leitaria. Ao longo do tempo, a paisagem original com muita água foi sendo substituída, gradualmente, por vegetação.

Há relatos de muitos animais que já passaram pela área. Aves como a jaçanã (Jacana jacana) e mamíferos como o ratão-do-banhado (Myocastor), foram algumas das espécies já vistas no local. “Sem contar a grande infinidade de invertebrados. Também existem diversos relatos de tucanos e papagaios”, conta Cátia.

A flora existente no açude também é bastante diversa e, na grande maioria, são espécies nativas: chal-chal (Allophylus edulis), carvalhinho (Casearia sylvestris), grandiúva (Trema micrantha) e canjerana (Cabralea canjerana) são algumas que podem ser citadas. Podem ser observadas, ainda, espécies exóticas de menor porte, como o lírio-do-brejo (Hedychium coronarium).

Apesar da beleza natural do local, a área central do câmpus está perdendo muito a sua capacidade de armazenamento de água. “Quando ocorrem precipitações de grandes intensidades em curto espaço de tempo, o local acaba sendo utilizado para armazenar temporariamente essas águas até o seu escoamento normal. Porém, em virtude do assoreamento, o seu limite de armazenamento está bastante reduzido, gerando um problema no escoamento das águas da rua Avelino Tallini”, comenta a bióloga.

Ainda assim, a área de preservação continua sendo um ambiente de biodiversidade que merece ser apreciado. “O local é mantido até hoje pela Univates pela sua harmonia paisagística, conforto térmico e proteção ambiental”, completa Cátia.

Confira algumas das espécies que foram avistadas no câmpus durante o ano. O professor Carlos Benhur Kasper, do curso de Ciências Biológicas, concedeu uma breve explicação sobre cada uma delas.

Coruja-buraqueira: Athene cunicularia

Das 23 espécies de corujas ocorrentes no Brasil, esta é uma das mais comuns. Ocorre em praticamente todo o País, estando associada principalmente a áreas mais abertas como campos, restingas e capoeiras. Diferentemente da maioria das espécies de corujas, possui atividade diurna, e por isso é mais familiar à maioria das pessoas. Alimenta-se de insetos e pequenos vertebrados como ratos e lagartos. Seu nome popular deve-se ao tipo de abrigo que utiliza, já que cava suas tocas no solo, ou utiliza buracos de tatu abandonadas.

Tucano-de-bico-verde: Ramphastos dicolorus

O tucano-de-bico-verde possui uma coloração exuberante, com a garganta alaranjada e o ventre vermelho. Seu bico representa boa parte de seu tamanho total, mas é surpreendentemente leve e possui um serrilhado de cor vermelha sanguíneo nas bordas. Alimenta-se de frutas, insetos e pequenos vertebrados, como lagartos e anfíbios, além de filhotes de outras aves, motivo pelo qual é perseguido e agredido por diversas espécies de passarinhos. É uma ave típica da Mata Atlântica, mas apresenta certa tolerância à modificação do habitat, eventualmente até entrando em cidades, desde que bem arborizadas.

Saí andorinha: Tersina viridis

Um dos mais belos pássaros da nossa fauna, o Saí-andorinha é uma ave típica da Mata Atlântica. Alimenta-se de frutos e insetos, e devido a seu bico grande é capaz de apanhar vários frutos e carregá-los para um local mais escondido para comê-los. Uma característica interessante desta ave é que ela regurgita os caroços de frutas muito grandes pare serem engolidas (após a retirada da polpa), o que faz dela ótima dispersora de sementes. Esta dispersão de sementes ajuda as plantas as serem espalhadas e na recuperação de florestas degradadas. Outra curiosidade desta ave é que a fêmea é verde e bem diferente do macho, que é azul brilhante, parecendo outra espécie de passarinho.

Preá: Cavia magna

Os preás são roedores relativamente comuns em áreas abertas de todo o Estado. Diferentemente da maioria dos ratos, os preás não possuem cauda, estando mais aparentados às capivaras do que a seus parentes menores. Poucos sabem, mas existem diversas espécies de roedores silvestres que vivem exclusivamente em áreas naturais (matas, campos, capoeiras) alimentando-se de insetos, frutos, sementes e outras partes de vegetais. Estas espécies silvestres, assim como o Preá, não vivem nas cidades ou próximas de casas, ainda que possam visitar nossos jardins. Os camundongos (mus musculus) e o rato das casas (Rattus rattus) são espécies exóticas, que vieram junto com os colonizadores e se estabeleceram nas cidades e casas.

Gambá-de-orelha-branca: Didelphis albiventris

Assim como seus parentes mais conhecidos, os cangurus e coalas da Austrália, os gambás também possuem uma pequena bolsa junto ao ventre onde carregam seus filhotes durante os primeiros meses de vida. Os gambás são provavelmente os mamíferos de médio porte mais atropelados em nossas estradas, além do fato de serem perseguidos pela população nas cidades e zonas rurais. Esta perseguição é geralmente irracional, já que a maioria das pessoas sequer sabe o porquê de estarem fazendo isso. Assim como qualquer animal de nossa fauna, o gambá é protegido por lei, sendo seu abate um crime ambiental. Alimenta-se de praticamente qualquer coisa, como frutas, insetos, pequenos vertebrados e até mesmo restos de comida. Por esta razão, adaptam-se facilmente a áreas alteradas pelo homem, como plantações, capoeiras e, inclusive, cidades.

Texto: Tuane Eggers

Rodrigo Balbueno

Tuane Eggers

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Tuane Eggers

Rodrigo Balbueno

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