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Grupo de pesquisa é referência mundial no estudo de paleoincêndios

Postado em 07/12/2012 15h08min

Por Tuane Eggers

Os diferentes ambientes do planeta Terra atravessaram diversos ciclos ao longo do tempo, que se repetem com o passar das Eras e Períodos. Neste contexto, um grupo de pesquisa da Univates busca investigar a relação entre as mudanças climáticas globais atuais, a ocorrência de paleoincêndios vegetacionais e as variações das concentrações de gases na atmosfera (como, por exemplo, oxigênio e carbono).


O projeto de pesquisa “As variações dos sistemas vegetais durante o tempo e a evolução dos biomas terrestres”, coordenado pelo professor doutor André Jasper, é referência internacional na área. Países como Alemanha, Índia, África do Sul, Jordânia e Argentina enviam material para a equipe da Univates dar continuidade a esse trabalho. Os fósseis ficam armazenados juntamente com a coleção de paleobotânica da Instituição, no Setor de Botânica e Paleobotânica do Museu de Ciências Naturais. São avaliadas, principalmente, amostras do período Permiano (entre 290 e 250 milhões de anos atrás), as quais são identificadas, tratadas e avaliadas em equipamentos específicos, como o Microscópio Eletrônico de Varredura.

E a relação entre oxigênio e aquecimento global?

Jasper conta que o importante, neste contexto, é que o grupo está trabalhando com paleoincêndios. Para existir fogo, são necessários três elementos: combustível, fonte de ignição e oxigênio. “Observamos que, ao final do Permiano, o oxigênio na atmosfera terrestre diminuiu consideravelmente, impedindo, inclusive, a proliferação do fogo (isto representa uma concentração de 13% a 15%, enquanto hoje a concentração é de 21%)", explica. Acredita-se, segundo ele, que esta redução drástica dos níveis de oxigênio foi resultado de uma reação em cadeia advinda do aquecimento global do período. "Assim, estamos verificando se a mudança climática global que observamos atualmente na Terra pode ou não gerar consequências como aquelas observadas no registro fóssil”, acrescenta.

O grupo de pesquisa realiza cerca de três saídas de campo por semestre. Alguns lugares de destino são indicados por pessoas que detectam possíveis materiais de pesquisa. Outros são conhecidos pela bibliografia da área. Os últimos locais visitados foram nos municípios de Candiota e de Encruzilhada do Sul. Nessas saídas, os professores e bolsistas do projeto coletam materiais em afloramentos, em cortes de estradas e em minas.

Conforme Jasper, o período Permiano terminou com a maior extinção em massa na história do planeta Terra, quando cerca de 90% das espécies marinhas e 70% das espécies terrestres desapareceram. Somente depois de oito milhões de anos, a biodiversidade do planeta se recuperou desta extinção. “Em uma escala humana, isso é muito tempo. Portanto, se esse ciclo acontecer novamente, o impacto negativo sobre a espécie humana é inevitável”, ressalta.

De acordo com os resultados obtidos até o momento, as mudanças climáticas globais observadas atualmente podem ser consideradas naturais e inevitáveis, mas também podem estar sendo aceleradas pelo homem. “Assim, o foco da discussão deve mudar. A questão não é se as mudanças climáticas vão acontecer, mas sim como vamos reagir a elas como espécie”, completa Jasper.


Texto: Tuane Eggers

Tuane Eggers

Grupo avalia amostras do Período Permiano (entre 290 e 250 milhões de anos atrás)

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