A presença de plantas daninhas nas margens das plantações de morango pode aumentar as populações de ácaros predadores de espécies de ácaros prejudiciais às plantações e servir como medida de apoio ao controle biológico conservacionista.
Partindo dessas informações, uma pesquisa foi realizada com o objetivo de avaliar a composição da acarofauna associada a morangos e plantas herbáceas acompanhantes em um sistema de cultivo orgânico e de avaliar as possíveis relações entre ácaros fitófagos e predadores que ocorrem nesse sistema.
Estudos desse tipo são importantes ferramentas para ampliar a compreensão que a ciência, neste caso a acarologia, tem sobre maneiras naturais de controlar populações de ácaros que se alimentam de plantas e, dessa forma, causam danos a cultivos como o do morango.
Assinam a pesquisa Emily Silva Araujo, Alessandra Benatto, José Manuel Mirás-Avalos, Thais Rogoski, Suelen Ferreira Oelke, Matheus Schussler, Noeli Juarez Ferla, Suzana Aparecida de Carvalho e Maria Aparecida Cassilha Zawadneak.
As instituições envolvidas são a Agência de Defesa Agropecuária - Adapar; a Universidade do Vale do Taquari - Univates, por meio do Laboratório de Acarologia; o Centro de Investigación y Tecnología Agroalimentaria de Aragón (Cita), da Espanha; e a Universidade Federal do Paraná (UFPR). O estudo completo pode ser conferido neste link, publicado na revista Experimental and Applied Acarology.
Os resultados
Folhas de morangueiro e plantas inteiras de ervas daninhas foram amostradas quinzenalmente no Paraná durante seis meses. No total, foram identificadas 23 espécies de plantas daninhas pertencentes a 10 famílias. Foram coletados 3.768 indivíduos de ácaros (de 15 famílias), 77% deles em morangos e 23% em plantas daninhas.
A abundância de ácaros predadores nas plantas daninhas foi maior do que nos morangueiros. Nos morangos, a família de ácaros mais abundante foi Tetranychidae (84%) seguida de Phytoseiidae (11,6%). No total, foram identificadas 16 espécies de ácaros predadores da família Phytoseiidae, 13 delas ocorrendo em folíolos de morangueiro. Typholodromalus aripo, Neoseiulus californicus e Typhlodromips mangleae foram as espécies de ácaros mais abundantes nas folhas de morangueiro.
Nas plantas daninhas, a maioria dos indivíduos eram ácaros predadores (59%), enquanto os ácaros fitófagos representaram 17,2%. A família mais abundante foi Phytoseiidae (36,4%). Nas plantas daninhas, o ácaro fitoseídeo T. aripo foi a espécie mais abundante, representando 34,7%. Além de ser encontrado em folíolos de morango, T. aripo foi associado a 15 espécies de plantas daninhas.
Entre as plantas daninhas, Bidens pilosa apresentou os maiores valores do índice de Shannon (1,97), índice de Margalef (3,04) e índice de uniformidade de Pielou (0,95) - ferramentas que estabelecem padrões de diversidade biológica por meio de equações matemáticas.
Este estudo enfatiza a importância da existência de plantas daninhas como abrigo para ácaros benéficos no entorno de plantações de morangos, podendo contribuir para aumentar o controle biológico conservacionista.
O estudo demonstrou que as espécies de plantas daninhas presentes nas margens dos campos de morangueiro abrigavam principalmente ácaros benéficos, e provavelmente contribuíram para o equilíbrio das populações de T. urticae, principal ácaro-praga dessa cultura.
