Postado as 14/11/2024 09:55:46
Por Pietra Darde
Duas diplomadas do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade do Vale do Taquari - Univates estão trabalhando na reconstrução de cidades do Rio Grande do Sul afetadas pelas enchentes de maio de 2024. Gabriela da Silva Medeiros, de 35 anos, e Cristiane Lavall, de 37, formadas em 2014, atuam junto à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, para apoiar os municípios na elaboração dos planos de trabalho para a demanda habitacional, visando à construção de novas unidades habitacionais para famílias que perderam suas casas.
Gabriela, atualmente residente em São Paulo, contou que, ao saber dos danos causados no estado, buscou formas de ajudar. Inicialmente trabalhou como voluntária no Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo (Emau) da Univates e depois elaborou laudos para habitações em Cruzeiro do Sul. Agora participa da missão de reconstrução habitacional. “É muito gratificante sentir que cada casa que visito, cada página de um laudo corretamente elaborado, é uma família que poderá recuperar sua segurança, seu lar”, compartilhou.
Ela também ressaltou a importância de arquitetos e urbanistas no planejamento urbano e em políticas habitacionais. “Uma moradia digna reflete na saúde mental, física e impacta diretamente na autoestima das pessoas e no seu pertencer à cidade”, disse.
Por sua vez, Cristiane iniciou sua atuação no contexto habitacional ainda na enchente de setembro de 2023, quando trabalhava no setor de planejamento da Prefeitura de Arroio do Meio. Após o desastre, conduziu o trabalho de reconstrução da cidade, tanto das residências afetadas quanto a recuperação das zonas degradadas. Por essa experiência, foi convidada a integrar a missão da Defesa Civil Nacional, cujo trabalho envolve orientar a avaliação das habitações destruídas ou interditadas, bem como os planos de reocupação das áreas de risco com intervenções de baixo custo, como parques e praças.
Para Cristiane, a formação na Univates foi essencial por proporcionar uma visão holística da profissão. “Mas há também um apreço e interesse pessoal por este tema. Lembro de um concurso nacional para estudantes do qual participei no ano de 2012, que tratava exatamente dessa temática, chamado “Prêmio soluções para cidades – Habitações em áreas de risco. Naquela época, já era um campo da arquitetura que me interessava”, explicou a diplomada.
A diplomada contou que essa experiência tem sido um aprendizado diário e falou que, além de lidar com ações concretas, há a subjetividade, e é ela que a motiva todos os dias, desde setembro, especialmente os moradores dos locais atingidos.
“Como arquiteta, além de desenhar novos contextos, sinto que o trabalho só tem sentido se podemos redesenhar mapas no campo do afeto, e, dessa forma, estamos criando cidades mais humanas, mais respeitosas com as pessoas, com a natureza. Tem sido um aprendizado para a vida e o que eu lembro, todos os dias, com emoção, são os olhares e os sorrisos das pessoas que encontrei pelo caminho. O que me move é a possibilidade de criar novas condições para que as pessoas reescrevam as suas histórias”, finaliza.
Para o professor coordenador do curso, Cristiano Zluhan Pereira, a atuação das duas arquitetas é uma demonstração do papel social do profissional.
“Ver nossas egressas engajadas em ações tão significativas, contribuindo para a reconstrução de cidades e para a recuperação da dignidade de tantas famílias, é uma verdadeira demonstração do papel social do arquiteto. Além de projetar espaços, um arquiteto é chamado a impactar a vida das pessoas, a transformar realidades e a criar ambientes que proporcionem bem-estar e segurança”, ressaltou Cristiano.