Brocantes

Durante os anos escolares, produzimos todos os tipos de papéis e documentos, mas o que fizemos com isso e onde ficam esses materiais? Arquivados? Trata-se de documentos institucionais que contam uma genealogia da escola (ofícios, circulares, projetos, atas, etc.), mas que também dizem de uma vida singular daqueles que passaram pela escola. E sabemos que nenhuma pessoa passa pela vida escolar sem que determinadas impressões fiquem registradas. O Projeto Brocante – Palavras e Coisas da Escola, vinculado ao Grupo de Pesquisa Currículo, Espaço, Movimento (CEM/CNPq) da Universidade do Vale do Taquari- Univates,  mais especificamente ao GT2 – Arquivo, docência e criação, tem como objetivo produzir um repositório digital público com arquivos escolares, advindos tanto de vidas singulares, quanto de vidas institucionais que contam a memória da escola,  a partir do início do século XX. O projeto toma como procedimento teórico-metodológico o arquivo foucaultiano, o qual permite trabalhar com os ditos de maneira a compor novos arquivos. Ao descrever as coisas ditas em uma cultura, ao longo do tempo, o arquivo, mais do que estar ligado ao âmbito de preservação da memória e a construção de uma prática cronológica, possibilita trazer o passado ao presente. Assim, como afirma Foucault (2000, 0. 145), “o arquivo é, mas também o arquivo faz”, ou seja, não é só o que pode ser dito em determinada época, mas também a apropriação disso no presente, tomando os ditos como acontecimentos. Nesse contexto, desde o segundo semestre de 2022 já foi realizado um movimento de divulgação do projeto. Isso tanto nos meios digitais, redes sociais, e-mails às universidades e escolas, quanto à realização de brocantes – feiras de recolhimento de papéis escolares, realizadas em locais distintos. Vale ressaltar que objetivo é que, a longo prazo, o projeto tome uma dimensão geográfica ampliada, estendendo-se para instituições de outros países, principalmente aqueles com os quais o Grupo CEM possui parcerias. A cada documento doado, é feito um processo de arquivamento dos materiais. Portanto, a partir das análises de tais materiais, acredita-se que esta pesquisa arquivística poderá nos ajudar a compreender o que produzimos documentalmente na escola desde o  início do século XX.

 

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