Cultura da paz: Antes de olhar pra frente, é preciso olhar pra dentro
Postado as 07/05/2021 08:48:29
Por Rogério José Schuck
Historicamente a cultura da guerra tem pautado a formação em diversos níveis. A ideia básica é preparar os indivíduos para uma realidade de luta de todos contra todos. Nessa perspectiva, o outro é uma ameaça para mim. Uma cultura para a paz, ao contrário, nos leva à percepção de que a paz não é resultado da imposição de uns sobre os outros, seja enquanto indivíduos, seja como povos e nações.
A tolerância e a solidariedade são valores que fundamentam a cultura para a paz, amparando os conflitos existentes e difundindo a cultura da não violência. A educação para a paz exige atitudes que enfrentam os conflitos existentes de forma não violenta, aceitando o diferente. Promove a inclusão, ensinando a praticar a não discriminação, levando a cooperar mais, ter mais diálogo, vivenciando os direitos humanos.
A cidadania também é entendida como um “espaço de construção dos sujeitos”, que permite entendê-los. Assim, é importante que as instituições de ensino como um todo apresentem um currículo em que abranja uma Pedagogia para a Paz, refletindo sobre novas concepções e tragam essa perspectiva em seu Projeto Político-Pedagógico e Institucional.
Um dos exemplos onde podemos perceber a força da cultura para a paz são os Círculos da Paz. Nesse espaço não é realizado um trabalho formal, como se dá com os conteúdos de aula. Os alunos são constantemente motivados a trazer temáticas, assim como o educador ou mesmo o assistente social. Não é que não haja uma certa formalidade, mas a temática não está predefinida, ficando a cargo dos envolvidos no processo trazer ao grupo as discussões em torno de situações que envolvem a cultura da paz e suas implicações.
A temática da cultura da paz é de difícil compreensão, pois vivemos envoltos no paradigma da cultura da guerra. Nela, a máxima divulgada pelo senso comum é mais ou menos assim: se queres a paz, prepara-te para a guerra. Já num processo que envolve a cultura da paz, teríamos como máxima: se queres a paz, prepara-te para a não violência. Isso não significa permanecer na inércia, sem nada fazer diante de uma situação de violência, muito pelo contrário, significa abrir-se para caminhar na presença do outro, em "comum-união" e com ele procurar a solução para os entraves que se colocam.