Reduzir distâncias nas cidades é aumentar as possibilidades
Postado as 12/04/2021 13:37:46
Por Cristiano Zluhan Pereira, Leonardo de Ross Rosa e Rafael Rodrigo Eckhardt
Até o início dos anos 1800, quando a população mundial somava 1 bilhão de habitantes, somente 3% da população mundial (30 milhões) vivia em cidades ou áreas urbanizadas, espaços que concentram, na atualidade, um grande número de pessoas (54%) para estabelecer relações sociais, econômicas e de prestação de serviços.
As cidades sempre foram importantes para o desenvolvimento da sociedade e para o crescimento de suas economias. Pequenas ou grandes, em todos os períodos históricos e em todos os contextos geográficos, as cidades funcionaram como motores da inovação econômica, como centros de expansão cultural e de transformação social.
As Smart Cities, cidades mais inteligentes, cidades mais sustentáveis, também conhecidas como cidades verdes, estimulam políticas de transporte e de mobilidade urbana favoráveis aos pedestres e ambientalmente amigáveis, englobando a valorização da caminhada, o uso de bicicletas e o transporte público de qualidade e acessível. Também inclui cuidados com a paisagem urbana, a disponibilidade de áreas verdes e parques aos moradores, a preservação de zonas de inundações, critérios ambientais nas políticas de governança e a utilização de tecnologias inteligentes nas cidades.
As tecnologias digitais estão começando a mudar a maneira como as cidades operam, além da forma de viver de seus moradores. A internet e as redes sociais vêm modificando a organização comercial e sociocultural das cidades. Edifícios, casas, veículos, sistemas de trânsito, fornecimento de água e de eletricidade inteligentes têm o potencial de conferir maior eficiência às cidades, torná-las mais sustentáveis, além de ampliar a satisfação e a qualidade de vida aos seus usuários.
Nas próximas décadas veremos uma grande transformação no transporte e na mobilidade urbana, com a eletricidade substituindo veículos a gasolina. Haverá veículos elétricos, muito mais silenciosos, para a coleta noturna dos resíduos sólidos.
A utilização de veículos elétricos, o compartilhamento solidário de transporte e a agricultura urbana são exemplos de alternativas que estão mudando comportamentos e valores, contribuindo também na redução das emissões de carbono das cidades. A sustentabilidade de uma cidade depende do estilo de vida de seus moradores.
O caminho indica para uma redução dos espaços para veículos motorizados e ampliação dos passeios públicos. Da mesma forma, orienta para a redução de distâncias das residências até pontos de interesse, como escolas, parques, supermercados, padarias e locais de trabalho. A redução das distâncias deve ser uma busca, pensando não apenas em facilitar acesso, mas em transformar os percursos em caminhos acessíveis e agradáveis de serem feitos através do transporte ativo, com caminhadas e pedaladas. Assim, a estruturação das áreas urbanas deve englobar um mix do uso do solo, ou seja, as necessidades das pessoas devem passar pela governança e pelos objetivos do poder público municipal de qualquer cidade.
Este processo passa pela descentralização das cidades, sejam elas pequenas, médias ou grandes. A organização urbana centralizadora, ou seja, com incentivos para a aglomeração de funções como indústria, comércio, lazer e habitação, faz com que os deslocamentos necessários para exercer cada uma destas atividades acabe sendo cada vez maior à medida que as cidades se desenvolvem. A descentralização, ou a criação de vários centros auto sustentáveis, com atividades industriais, de comércio, lazer e recreação, mais próximas, oportuniza a redução das distâncias e consequente melhor aproveitamento do tempo.