A dinâmica original da paisagem e as cidades inteligentes
Postado as 25/03/2021 10:52:13
Por André Jasper
Quando falamos de cidades, geralmente nos vem à mente os elementos urbanizados da paisagem. Afinal, são os componentes construídos que mais chamam a atenção quando observamos a urbesfera. Porém, o conceito de cidades inteligentes ultrapassa os limites do antrópico e depende diretamente da compreensão da história do ambiente em que elas estão inseridas.
Qualquer espaço urbanizado está inserido em contextos ambientais de escalas locais e regionais e, portanto, sujeito à dinâmica da paisagem original ao longo do tempo. Consequentemente, uma cidade inteligente não pode prescindir de conhecer e compreender as diferentes escalas evolutivas do espaço em que está inserida.
Portanto, a busca por cidades mais inteligentes passa, também, pelo reconhecimento da impotência antrópica frente a elementos naturais originais da paisagem. Independente do grau de avanço tecnológico que se possa vir a atingir em algum momento no futuro, é necessária a resignação humana frente a algumas das características inatas da paisagem. Somente ao aceitarmos o meio como dinâmico e, sim, por vezes “não-controlável”, será possível concretizarmos as cidades como espaços inteligentes. Não considerar esta história pregressa do ambiente no qual nos inserimos acaba, fatalmente, por gerar problemas cuja amplitude e o impacto estão além de qualquer intervenção humana.
Consequentemente, a compreensão da dinâmica das paisagens em escalas temporais diversas é um elemento imprescindível na busca por cidades mais inteligentes. Utilizar as características do meio e seus processos para beneficiar um melhor aproveitamento do espaço e o estabelecimento de condições socioambientais mais justas, é ser inteligente!