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Pesquisa tem abordagem inédita para fungo patógeno de humanos

Postado em 07/04/2017 10h34min

Por Nicole Morás

Grande parte das pesquisas sobre doenças é focada em entender como os microrganismos causam essas doenças e como agem no organismo das pessoas afetadas. Um estudo realizado no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) da Univates vai além, ou seja, objetiva um maior entendimento da patogênese, busca, pela primeira vez, uma visão global da doença sob perspectiva do impacto no hospedeiro.

Conduzida pela doutor Walter Beys da Silva, a pesquisa “Proteoma da infecção de pulmão provocada por C. gattii” adota essa perspectiva em relação ao fungo causador de pneumonia - inclusive com casos de epidemia, como o registrado em 1999 em Vancouver, no Canadá, disseminado em diversos animais, além de humanos. “Até então nunca foi feito um olhar global na perspectiva do hospedeiro. Muitos grupos trabalham com o Cryptococcus, mas normalmente sob a perspectiva do patógeno, ou seja, quais proteínas e genes do fungo estão envolvidos na infecção. Nós estamos trabalhando com diferentes modelos para descobrir qual a resposta das células do pulmão frente a essa infecção”, afirma o pesquisador.

Beys da Silva explica que o agravante da pneumonia causada por esse fungo é que ela ocorre em pessoas imunocompetentes, ou seja, o indivíduo não precisa estar em um estado imunológico comprometido para ser acometido pela doença. “Além disso, há casos de evolução da doença para meningite. Uma infecção fúngica como esta, normalmente, é muito mais difícil de tratar do que uma bacteriana, apesar de ser menos frequente”, afirma ele.

Segundo o pesquisador, o grupo de pesquisa está descobrindo um padrão bioquímico ainda não descrito para esse patógeno. Os isolados usados para caracterizar a doença são os mesmos causadores da epidemia de Vancouver e é possível ver uma dinâmica desse fungo nos modelos utilizados. “Trabalhos publicados abordam uma potencial nova epidemia por Cryptococcus no futuro, e já se reconhece um deslocamento desse fungo principalmente na região oeste dos Estados Unidos. Além disso, casos de C. gattii, principalmente na região norte do Brasil, vêm aumentando”, afirma Beys da Silva, acrescentando que esse fungo causador de doenças está associado à casca de eucalipto no ambiente - bastante usado para reflorestamento, por exemplo.

“Nossos resultados apontam para uma alteração no metabolismo energético das células hospedeiras como visto em outras patologias. Esses resultados nunca haviam sido relacionados com a Criptococose. Além disso, estamos vendo uma correlação das alterações nessa doença fúngica com dados recentemente publicados na infecção bacteriana de pulmão provocada por Mycobacterium tuberculosis, o que evolutivamente pode ser muito significativo”, ressalta o docente. Para finalizar, ele afirma que até agora já foi estudado somente  ⅓ do que vai resultar o projeto. “A longo prazo, a ideia é que se tenha um maior entendimento sobre como surge a doença e como ela progride para tentar buscar alternativas de prevenção e novas terapias”, conclui.


A pesquisa tem parceria com o The Scripps Research Institute e o Sanford Burham Medical Discovery Institute, dos Estados Unidos, além do Centro de Biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, contando também com a colaboração da professora Lucélia Santi, do PPGBiotec da Univates, e do bolsista de mestrado Rafael Lopes da Rosa.

Inscrições abertas
Os cursos de Pós-Graduação da Univates estão com inscrições abertas. Entre as opções estão o Mestrado e o Doutorado em Biotecnologia, que têm como objetivo formar recursos humanos qualificados, capazes de gerar e disseminar conhecimentos científicos e tecnológicos, com uma visão integrada das perspectivas socioambientais e econômicas. As aulas ocorrem em sextas-feiras à noite e sábados pela manhã. As inscrições podem ser feitas no site www.univates.br/ppgbiotec/processo-seletivo.


Texto: Nicole Morás

Nicole Morás

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