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Proteínas associadas à fertilidade masculina são investigadas no PPGBiotec

Postado em 28/04/2017 14h13min

Por Nicole Morás

O corpo humano produz mais de 13 milhões de diferentes tipos de proteínas que participam de todos os processos fisiológicos do organismo. Algumas estão associadas à fertilidade e, quando não desempenham corretamente suas funções, pode ocorrer infertilidade ou subfertilidade. É justamente buscando conhecer quais proteínas são essas que o projeto de pesquisa “Aplicação de marcadores moleculares no estudo da saúde reprodutiva animal e humana” é desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) da Univates.

De acordo com o coordenador da pesquisa, professor Ivan Bustamante Filho, a longo prazo, o objetivo é pensar em novas ferramentas que permitam antecipar o diagnóstico ou mesmo utilizar essas proteínas como ferramenta biotecnológica no tratamento da infertilidade humana e animal. “Sabe-se que a fertilidade do homem é 70% inferior a sua fertilidade na década de 1940. Há muitos fatores que podem ser elencados como causadores dessa situação, como hábitos alimentares, hábitos de vida e exposição a elementos químicos tóxicos que alteram o funcionamento do organismo”, explica.

Bustamante Filho analisa a infertilidade humana como um evento que está acontecendo de forma bem latente ultimamente. A infertilidade do homem, apesar de receber pouco destaque frente à infertilidade da mulher, está relacionada a hábitos, doenças venéreas ou simplesmente a características do corpo, sejam genéticas ou de funcionamento bioquímico, porque, às vezes, falta algo que permita que a fertilização ocorra ou, quando ocorre, que o embrião realmente se desenvolva”, elucida o pesquisador.

Por isso, nos últimos três anos, em colaboração com a Universidade de Durham e a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o projeto vinculado ao PPGBiotec tem estudado uma classe de proteínas chamada PDI, a qual tem papel muito importante no organismo, pois fazem o controle de qualidade de outras proteínas. “Essas PDIs são uma classe de enzimas que garantem que as proteínas estejam funcionando da forma correta. Para que ocorra a fertilização, várias proteínas participam desse processo e, se você não tiver essas PDIs garantindo que tudo funcione corretamente, a fertilização não ocorre. Isso já está bem descrito em diferentes espécies de animais de laboratório, mas nós estamos estudando o papel das PDIs na produção de sêmen de suínos, que é o modelo animal utilizado largamente em pesquisa biomédica por sua semelhança fisiológica com o homem”, afirma o pesquisador.

Segundo o professor, um exemplo para entender a importância das proteínas no diagnóstico de doenças ou distúrbios é o PSA - o antígeno prostático do qual o homem deve fazer exame anualmente. “A PSA é uma proteína produzida pela próstata em determinado nível. Se a próstata cresce, há um aumento na produção dessa proteína que, a partir de um determinado parâmetro, pode indicar um diagnóstico de câncer de próstata. Então esta é a ideia: usar proteínas que ajudem a diagnosticar de forma mais rápida o que está acontecendo em relação à fertilidade masculina a partir de um ejaculado do paciente”, acrescenta Bustamante Filho.

Pioneirismo
O grupo de pesquisa do PPGBiotec da Univates é o primeiro do mundo a usar o modelo suíno como base para a pesquisa em humanos, em função das semelhanças fisiológicas. “Se a gente consegue obter resultados positivos e interessantes nos suínos, abrem-se janelas para novos estudos em fertilidade em humanos”, explica Bustamante Filho. Segundo ele, o que a pesquisa faz é um bloqueio imunológico do hormônio liberador de gonadotrofinas - GnRH. “Esse hormônio é um dos responsáveis por induzir a produção de testosterona. Nós temos estudado a função testicular e epididimária com e sem testosterona. Descobrimos a alteração de mais de duas mil proteínas que possivelmente são reguladas pela testosterona, ou seja, por que é importante estudar esse modelo, porque uma das principais causas de infertilidade é a baixa produção de testosterona no homem, que pode ser por condições clínicas como o hipogonadismo, por hábitos alimentares ou por contaminação ambiental, como pelo bisfenol A - um dos componentes liberados por embalagens plásticas usadas na indústria dos alimentos”.

Fertilização
O sêmen humano, quando coletado nos laboratórios, não é usado in natura para procedimentos de fertilização. Ele precisa ser processado para que sejam selecionadas as melhores células com potencial de fertilizar, seja por meio de fertilização in vitro ou inseminação artificial. Em conjunto com o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) o grupo de pesquisa do PPGBiotec da Univates está desenvolvendo alguns trabalhos com processamento seminal, com lavagem e seleção espermática, o que inclui diferentes avaliações da célula visando a separar daquela amostra de espermatozoides aqueles que são melhores. “A ideia é também buscar proteínas associadas à fertilidade que a gente identificou no porco nessa seleção para verificar se as proteínas que a gente identificou no porco associadas à alta fertilidade também têm importância no espermatozóide humano”, finaliza o pesquisador.

Parcerias
A pesquisa conta com a participação de três bolsistas de iniciação científica, um bolsista de mestrado e uma de doutorado do PPGBiotec. O projeto conta ainda com a participação da Universidade de Durham, da Inglaterra; The Scripps Research Institute, dos Estados Unidos;  Escola de Medicina Paulista (Unifesp) e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde: Ginecologia e Obstetrícia da Ufrgs.

Você sabia?
Algumas atividades podem prejudicar a qualidade do sêmen, como a prática do ciclismo. Isso porque os testículos sofrem atrito e perdem o controle de sua termorregulação, o que pode influenciar na qualidade do esperma, já que ele se desenvolve melhor em temperaturas mais amenas e o esporte - especialmente se praticado com roupas específicas - acaba por produzir um superaquecimento da gônada masculina. Conforme explica Bustamante Filho, desde o início da produção até a liberação, o esperma percorre um longo caminho no corpo masculino em um processo de mais de 30 dias, ou seja, para a qualidade do esperma voltar ao normal, demora um certo período após a prática de atividades como o ciclismo.

Inscrições abertas
O Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Univates (PPGBiotec) está com inscrições abertas para os cursos de mestrado e doutorado. A seleção para o mestrado receberá inscrições para até 16 vagas e para o doutorado são até quatro vagas. O início das aulas está previsto para 12 de agosto, ocorrendo nas sextas-feiras à noite e aos sábados pela manhã. Mais informações podem ser obtidas em www.univates.br/ppgbiotec, pelo e-mail ppgbiotec@univates.br ou pelo telefone (51) 3714-7037.

Texto: Nicole Morás

A longo prazo, objetivo é pensar novas formas de diagnóstico e tratamento de infertilidade

Stefani Kummer

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