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Univates conta com três taxonomistas de ácaros

Postado em 18/01/2017 08h55min

Por Artur Dullius

Responsáveis por identificar, classificar e documentar características de espécies de animais e plantas, os taxonomistas são considerados imprescindíveis para a biologia. Muitas pessoas acreditam que esta é uma das profissões mais antigas no mundo, pois nomear e classificar organismos foram provavelmente umas das primeiras ações da humanidade para poder entender e interagir com o ambiente.
 
Munidos de paciência e um olhar apurado, fazem inúmeras pesquisas de campo em busca de microorganismos que ainda não foram catalogados pela Ciência. As informações documentadas por eles ajudam a impedir epidemias, além de serem essenciais para a elaboração de vacinas. Esses profissionais não são, porém, valorizados e existem em número baixo se comparado à biodiversidade do planeta.
 
A Univates conta atualmente com três profissionais dessa área. Guilherme da Silva, Matheus Rocha e Liana Johann são taxonomistas especializados em ácaros da superfamília Tydeoidea e famílias Cunaxidae e Stigmaeidae, respectivamente. “Esta é uma área muito importante. Não adianta isolar uma proteína se o organismo não é reconhecido para a ciência. Não adianta dizer que é uma bactéria. Tem que dizer que é tal bactéria, tal fungo e assim por diante. Se eu não souber isso, e estiver trabalhando com um espécie diferente da imaginada, vou obter resultados diferentes, invalidando o esforço desenvolvido na pesquisa”, afirma Juarez Ferla, doutor em Acarologia.
 
Conforme o professor, a especialização não acontece do dia pra noite e também não é defendida por meio de um certificado. “Quem aceita se a pessoa é ou não taxonomista é a ciência. Você começa a produzir conhecimento e a ciência, depois de atestar a qualidade dessas informações, o considera um taxonomista”, afirma. Ferla destaca, porém, que o processo é longo e trabalhoso. “Os estudantes vão coletando e pesquisando dados. Com o tempo adquirem todas as informações sobre aquele grupo e acabam se especializando. A partir disso, muito material acaba chegando e eles se tornam referência naquela área”, salienta.
 
“A gente não decide, as coisas vão acontecendo. Eu me especializei em um grupo diante de uma necessidade que surgiu durante o desenvolvimento do meu mestrado. Tive dificuldade de identificar algumas espécies. Então fui estudando e conhecendo um pouco mais sobre a família, até ter conhecimento para afirmar qual espécie era”, conta Liana. Silva complementa: “Você sabe que virou taxonomista quando o pessoal começa a mandar material para você identificar e isso é muito gratificante, pois você percebe que todo um estudo minucioso está dando resultado”.
 
O trabalho realizado por esses profissionais é fundamental para a publicação de pesquisas científicas e remete conceito àqueles que se especializam na função. Recentemente os taxonomistas da Univates descreveram duas espécies novas de um grupo de ácaros, para uma pesquisa da Universidade Federal de Viçosa que buscava combater (de maneira natural) a praga que ataca as plantas de lichia. “Eles realizaram toda a pesquisa, mas não podem publicar, pois os organismos estudados não foram denominados especificamente. Então solicitaram nossa ajuda para  fazer a descrição da espécie”, explica Ferla.
 
Mas o reconhecimento não para por aí, e atinge também quem está do outro lado do mundo, atraindo demandas de instituições japonesas. Para Liana, o reconhecimento é fruto da insistência do professor Ferla em buscar a identificação dos organismos durante as pesquisas científicas. “Quando queríamos enviar alguma espécie para outra pessoa identificar, ele dizia: ‘Não mande para especialistas, e sim estude e resolva o problema aqui’”, lembra.
 
Importância da estrutura
Ferla garante que a qualidade da estrutura disponibilizada pela Univates é indispensável para a realização do trabalho. “Só com laboratórios e equipamentos aptos conseguimos realizar essas atividades. A ideia é melhorar ainda mais, pois queremos interagir ainda mais com os grupos do exterior”, pontua. 
 
Utilização de característica molecular
O professor lembra ainda que, na maioria dos casos, a descrição se dá por características morfológicas, porém o laboratório da Univates está avançando e deve começar a utilizar a área molecular. “Hoje é opcional, mas, nos próximos 10 ou 15 anos, isso vai ser necessário. Então é um processo que vai acontecer naturalmente. Se você se deparar com dois indivíduos muito parecidos, vai ser necessário utilizar a parte molecular para diferenciar”, conclui. Ferla garante que com o uso da nova tecnologia a Instituição será a primeira a realizar o processo nos grupos de ácaros representados pelos taxonomistas da Univates.
 
Texto: Artur Dullius
Taxonomistas são responsáveis pela identificação dos organismos

Tuane Eggers

Matheus, Liana e Guilherme

Artur Dullius

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