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Estudantes abordam diferentes perspectivas a partir do livro Dois Irmãos

Postado em 12/01/2017 08h28min

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Antes mesmo de ganhar as telas de televisão em forma de minissérie, a obra Dois Irmãos, do escritor manauara Milton Hatoum, já ganhava espaço em sala de aula na disciplina de Literatura Contemporânea na Educação Básica do curso de Letras da Univates. O livro lançado no ano 2000 é objeto de estudo com o objetivo de conhecer aspectos narrativos de obras contemporâneas.

No segundo semestre de 2016, os alunos matriculados na disciplina leram a obra e debateram sobre vários aspectos: a simbologia dos gêmeos, o foco narrativo e a identidade do narrador - quem conta a história é Nael, filho de Domingas, que não sabe qual dos gêmeos é seu pai -, o papel de Halim e Zana, pais dos gêmeos Omar e Yaqub, e a visão sobre a mulher, em especial acerca do papel de Rânia, irmã dos gêmeos. De acordo com a professora Rosiene Haetinger, a partir do debate, alguns alunos escolheram produzir um artigo (que era uma das avaliações do semestre) sobre a obra de Milton Hatoum.  Esse foi o caso do estudante Róger Sullivan Faleiro, que focou em uma abordagem sobre os irmãos gêmeos. “Pesquisamos a simbologia dos gêmeos não só na literatura, mas também sobre as expectativas que aparecem desde a gestação até o entendimento de mães sobre as semelhanças e diferenças de personalidade e na relação entre os irmãos”, explicou ele.

Faleiro acrescenta que há muitas histórias sobre gêmeos na literatura narradas de formas bastante diferentes e que a obra de Hatoum apresenta uma escrita complexa que coloca as certezas do leitor em dúvida no final do romance. “É comum vermos um dos gêmeos ser abordado como o bonzinho e o outro como o ruim, como uma pessoa insignificante. Em Dois Irmãos, a narração inicia caracterizando os irmãos e, quando termina, ficamos intrigados com quem é quem, se realmente um é do bem e o outro, do mal. Mas a grande questão que fica é se há realmente perfeição, se há um melhor do que o outro”, indaga o estudante.

Já o grupo de Suzinara Strassburger focou o mundo das fan fictions, ou seja, a prática de fãs se apropriarem, se inspirarem em uma obra literária para criarem suas próprias histórias, muitas vezes dando continuidade a elas, com um final diferente, ou narrando sobre algo que tenha ficado em aberto na obra. “Antes da minissérie, já havia muito conteúdo sobre Dois Irmãos circulando pela internet, criado por leitores da obra. Conversamos com o escritor por meio de uma rede social e descobrimos que ele também é um fanwritter, pois esse romance foi baseado em Esaú e Jacó, de Machado de Assis. Segundo Hatoum, de alguma forma, todo escritor é um fanwritter de histórias que já leu”, afirmou a acadêmica.

Suzinara afirma ainda: “Acredito que a produção para a televisão estimula a leitura do livro, pois há muitos aspectos do enredo que não se consegue adaptar. Pode acontecer de quem leu ficar decepcionado, mas isso acontece pois, muitas vezes, a imaginação de quem leu é diferente da de quem adaptou o livro para a televisão”, analisa ela.

Reconhecimento em vida
O acadêmico Róger destaca ainda que a disciplina de Literatura Contemporânea na Educação Básica proporciona o contato com a obra de autores reconhecidos que estão vivos. “Muitos escritores têm suas obras reconhecidas após a morte. Então, chegar em sala de aula para trabalhar o texto de um autor vivo que já ganhou várias vezes o Prêmio Jabuti dá ainda mais qualidade à aula”, acredita o estudante. Suzinara completa: “sem contar que é uma inspiração, afinal, vemos que é alguém que está ali, muitas vezes acessível, e que, se ele pode escrever e ser reconhecido por isso, nós também podemos”.

Livro disponível na Biblioteca da Univates
O livro Dois Irmãos pode ser retirado na Biblioteca da Univates. Dos cinco volumes constantes no acervo, quatro estavam disponíveis para empréstimo na manhã desta quinta-feira, 12. Mais informações podem ser conferidas em www.univates.br/biblioteca ou pelo telefone (51) 3714-7000, ramal 5981.

Saiba mais
Dois irmãos é a história de como se constroem as relações de identidade e diferença numa família em crise. O enredo tem como centro a história de dois irmãos gêmeos - Yaqub e Omar - e suas relações com a mãe, o pai e a irmã. Moram na mesma casa Domingas, empregada da família, e seu filho. Esse menino - o filho da empregada - narra, trinta anos depois, os dramas que testemunhou calado. Buscando a identidade de seu pai entre os homens da casa, ele tenta reconstruir os cacos do passado, ora como testemunha, ora como quem ouviu e guardou, mudo, as histórias dos outros. Do seu canto, ele vê personagens que se entregam ao incesto, à vingança, à paixão desmesurada. O lugar da família se estende ao espaço de Manaus, o porto à margem do rio Negro: a cidade e o rio, metáforas das ruínas e da passagem do tempo, acompanham o andamento do drama familiar.
Fonte: Companhia das Letras

Texto e foto: Nicole Morás

Suzinara e Róger participaram da disciplina em 2016B

Nicole Morás

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