Com o objetivo de abordar questões relacionadas à importância da pesquisa em sala de aula na Educação Básica, a Univates promoveu, na noite da quarta-feira, dia 21, palestra com o professor doutor em Matemática pela Cornell University, dos Estados Unidos, Marcelo de Carvalho Borba. A atividade foi voltada a alunos de graduação e pós-graduação, docentes da Escola Básica e público em geral.

No início do evento, a pró-reitora interina de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ensino da Univates, professora Maria Madalena Dullius, apresentou o palestrante e falou sobre a honra de receber, novamente, o professor na Instituição. “Tenho certeza de que esta será uma grande noite, de muito aprendizado”, afirmou ela.

Em sua fala, Borba comentou que considera interessante quando lhe pedem para falar sobre um tema novo, pois isso faz repensar suas próprias práticas. Em seguida, o palestrante constatou que os tempos são outros para a área da pesquisa, já que as possibilidades da internet são muito amplas. Borba também abordou a importância de fazer a revisão de literatura em qualquer pesquisa. “Em geral, no tipo de pesquisa que eu faço, a gente não sabe a conclusão. Mas talvez existam outros caminhos”, explicou.

Após, o palestrante abordou um conceito amplo de pesquisa qualitativa, lembrando que há diferentes perspectivas sobre o assunto. Borba solicitou a opinião do público sobre algumas questões, como, por exemplo, o que constitui a sala de aula e a pesquisa hoje. Em seguida, pediu aos participantes que contassem alguma experiência interessante sobre a relação com o ambiente virtual em sala de aula.

Depois de ouvir o breve relato de uma professora, questionou o público sobre o motivo deste relato não ser considerado pesquisa. “Porque faltam vários resultados para a pesquisa. Outra questão é que você precisaria ter uma pergunta diretriz, e o caminhar em torno da pergunta talvez seja a questão mais difícil em uma dissertação”, ressaltou.

Além disso, Borba argumentou que a modificação da pergunta diretriz ao longo do trabalho faz parte do caminho da dissertação, e falou que a perspectiva do pesquisador é sempre importante em uma pesquisa. O palestrante também questionou o público sobre a possibilidade de existir uma pesquisa fora da sala de aula que possa ser importante para o ambiente da escola. De acordo com o docente, o ambiente da sala de aula nunca é estático e intacto, porque o pesquisador está lá. “A observação é sempre participante”, complementou.

O pesquisador lembrou, ainda, que a educação está se tornando, cada vez mais, tema central nos interesses do Brasil. “Há dez anos, nas eleições, ninguém falava de educação, enquanto nos Estados Unidos já era a questão central, e agora também é aqui. Para mim, o principal mal da educação no país, depois do baixo salário do professor, é a testificação da educação”, defendeu Borba sobre o problema de tratar a educação como uma empresa.

No entanto, o palestrante lembrou que, na contramão da “testificação da educação”, que é baseada somente em números, está a pesquisa qualitativa. Com o objetivo de enfatizar a compreensão do fenômeno em estudo, a pesquisa qualitativa enfatiza discursos e processos ao invés de produtos e resultados.

Borba é professor do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da Unesp e coordena o Grupo de Pesquisa em Informática, Outras Mídias e Educação Matemática (GPIMEM). O professor também atua em pesquisas na área de Educação Matemática, metodologia de pesquisa qualitativa e tecnologias de informação e comunicação.

Além disso, Borba já participou de estágios de pós-doutoramento, foi professor visitante e ministrou palestras na Alemanha, Estados Unidos, México, Argentina, Dinamarca, Canadá, Moçambique, Islândia, Inglaterra e Nova Zelândia. O pesquisador é, ainda, autor de diversos artigos e livros no Brasil e no exterior, participando de diversas comissões em nível nacional e internacional.

 

Texto: Tuane Eggers