Professora pesquisa relação entre doença hepática gordurosa alcoólica e probióticos
Postado as 2018-10-04 16:38:15
Por Lucas George Wendt/Dipes
Quando realizou o mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Gastroenterologia e Hepatologia (PPGGastro/Hepato) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), a professora Juliana Paula Bruch Bertani avaliou o estado nutricional, o perfil metabólico e o risco cardiovascular de pacientes portadores de hepatite C de acordo com a presença de esteatose (excesso de gordura no fígado).
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Lucas George Wendt
Segundo a professora Juliana, que atua no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Vale do Taquari, a partir dos resultados obtidos na pesquisa de mestrado foi possível melhorar a qualidade e o foco das consultas nutricionais, proporcionando resultados mais acurados aos pacientes. Durante a realização do doutorado, que seguiu a mesma linha de pesquisa, a doença hepática mais uma vez foi o objeto de investigação.
“Decidimos trabalhar em um estudo experimental utilizando o zebrafish como modelo de doença hepática não alcoólica. Utilizamos o probiótico Lactobacillus rhamnosus GG a fim de prevenir o desenvolvimento da doença nos animais”, conta.
A doença hepática gordurosa alcoólica (conhecida como DHA) é o acúmulo de gordura no fígado de pessoas que consomem bebida alcoólica exageradamente. É um dos distúrbios relacionados ao fígado com taxa de incidência mais frequente e não possui tratamento específico - geralmente se trata algum diagnóstico paralelo. A pesquisa proposta na tese de Juliana relacionou o DHA a um possível tratamento com o probiótico da cepa Lactobacillus rhamnosus GG, que quando consumido apresenta efeito benéfico ao hospedeiro. Juliana destaca que o estágio avançado da doença não tem cura, mas é de grande importância utilizar a alimentação como forma de prevenção e redução dos mecanismos de ação envolvidos na doença hepática alcoólica.
A indução da esteatose alcoólica e o uso do probiótico no zebrafish (animal usado como modelo de experimentação, em substituição aos roedores) permitiram avaliar que a suplementação de probióticos Lactobacillus rhamnosus GG foi protetora para a esteatose hepática em espécimes expostos ao etanol, ou seja, promoveu efeito protetor contra o desenvolvimento da doença, assim como melhorou a inflamação no intestino dos animais tratados.
“Percebeu-se a importância de trabalhar com métodos de prevenção e/ou promover redução do desenvolvimento da doença, ou mesmo promover melhora da qualidade de vida dos pacientes hepatopatas”, conta. De acordo com a pesquisadora, o uso de probióticos vem ganhando destaque em trabalhos experimentais nas mais diversas patologias relacionadas ao trato gastrointestinal. Dessa forma, utilizá-lo em um modelo de doença hepática implica mais desenvolvimento para a área clínica que aborda os problemas do fígado.
A tese é intitulada “Efeito do probiótico Lactobacillus rhamnosus GG em componentes do inflamassoma NLRP3 e da permeabilidade intestinal em modelo de doença hepática alcoólica”. O estudo foi orientado pela professora doutora Valesca Dall'Alba e avaliado pelos professores doutores Ana Helena da Rosa Paz (Ufrgs), Caroline Buss (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre), Cláudia Pinto Marques de Oliveira (Universidade de São Paulo) e Eduardo Chiela (Ufrgs).