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在世界各地 (Zài shìjiè gèdì)

Postado em 20/07/2017 19h22min

Por Artur Dullius

O diferente sempre costuma chamar a atenção. Se você está lendo este texto, possivelmente foi desafiado pelo título acima. Mas você entendeu o que está escrito? Em português, a desconhecida 在世界各地 (Zài shìjiè gèdì) também pode ser lida como “do outro lado do mundo”. É justamente lá, a cerca de 18 mil km de distância do Brasil, que se encontram seis estudantes da Univates.

“Sempre achei importante ter uma vivência fora do ‘meu’ lugar. Sair do país de origem é uma grande oportunidade para conhecer novas culturas e modos de vida, enfim, ampliar os horizontes”, conta Felipe Heberle, ex-acadêmico de Publicidade e Propaganda da Univates e, hoje, morador da cidade de Macau, na China.

Ele é um dos estudantes que, em agosto de 2016, embarcou para uma nova experiência de vida. E se já não bastasse a distância, a passagem de volta para casa está marcada só para daqui quatro anos. “Recém fiz 22 anos, tenho uma vida inteira pela frente. É difícil abrir mão da presença dos familiares e dos amigos. Mas um dia eu vou voltar, sendo um melhor filho, melhor amigo e melhor pessoa. Outro motivo que me deixa ‘forte’ aqui, do outro lado do mundo”, lembra.

Macau tem aproximadamente 18,9 mil habitantes por quilômetro quadrado, sendo a cidade com maior densidade populacional do mundo. Lá as principais atividades econômicas estão baseadas no turismo e no jogo. “É uma cidade maravilhosa, que me surpreendeu muito positivamente. Além do luxo e do glamour dos cassinos, a cidade oferece uma infinidade de eventos e experiências, que nos envolvem de uma forma difícil de explicar em palavras. A integração cultural que se encontra aqui é quase mágica”, relata Genaro Toretti, outro intercambista da Univates desafiado a conhecer a cultura chinesa.

Mas a cidade, além de contar com uma das maiores concentrações de cassinos do mundo - a chamada “Las Vegas do Oriente” -, também é forte incentivadora da educação internacional. E, assim como outros milhares de estudantes, os acadêmicos da Univates foram em busca de um diferencial profissional: a língua. “Estamos cursando Licenciatura em Ensino de Língua Chinesa. O objetivo do curso é nos capacitar em chinês para, posteriormente, estarmos habilitados a ensinar o idioma”, conta Toretti.

Adaptação
Desde a partida, mais de oito meses se passaram e diversas adaptações foram necessárias. Mudar de vida assim, de repente, não é tarefa fácil. Comida, rotina, fuso horário, são inúmeras novidades que devem ser absorvidas em um curto espaço de tempo. “É mais fácil dizer o que é igual do que especificar o que é diferente, porque são muitas diferenças. Aqui a rotina começa mais tarde, as aulas acontecem das 10h às 13h. As pessoas começam a trabalhar mais tarde também (pegar ônibus das 18h às 21h é quase impossível, pois é o horário de as pessoas irem para casa). Nada fecha de noite, cassinos, mercados, farmácias, lojas de conveniência, tudo fica aberto das 24h às 7h”, salienta Heberle.

Mas, para os estudantes, uma situação é unanimidade. Segundo eles, a alimentação tem sido encarada como a principal dificuldade. “Apesar de já estar mais habituado, ainda não consigo ir a um restaurante chinês e sair de lá satisfeito. Por exemplo, as carnes têm um tempero doce. Mas não é nada que estrague a experiência, muito pelo contrário”, conta Genaro.

“Parece que o salgado não tem sal e o doce não tem açúcar, é difícil descrever, mas não é ruim. Os chineses consideram a comida sagrada, então as refeições são sempre fartas e com diversos tipos de comida, vegetais, carnes, molhos, frutos do mar etc.”, complementa Heberle.

O idioma
Se ler o título da matéria foi complexo, receber informações dessa maneira deve ser ainda mais difícil. Mesmo que Macau tenha sido colonizada por portugueses e a Língua Portuguesa ainda tenha força dentro da cultura, saber o mandarim é necessário. “É difícil, não vou esconder. Mas com a prática e a repetição vai se tornando algo comum. É preciso tempo e dedicação. Falar não é tão difícil, porém, ler e escrever é”, afirma Heberle.

Já Toretti conta que chegou a Macau tendo estudado apenas um mês de mandarim antes, ou seja, sem falar nada. “Nesses quatro meses de aulas que tivemos, já aprendi o suficiente para manter pequenos diálogos e me virar em lojas e restaurantes. Ainda temos muito o que aprender, mas estamos chegando lá”, garante.

E depois?
Quatro anos é bastante tempo, mas passa. Mesmo que ainda distante, os estudantes foram questionados quanto aos planos após o período de estudos na China. Natural do município de Estrela, Heberle conta que ainda não sabe o que vai fazer depois do curso, pois, segundo ele, o mandarim abre um leque imenso de oportunidades de trabalho tanto no Brasil como em qualquer lugar do planeta. “Talvez quando o curso estiver indo para sua reta final eu tenha um objetivo fixo em mente. No momento, estou aberto às novidades que a língua pode me oferecer”, garante.

Genaro lembra que teve de abrir mão de muitas coisas para realizar seu sonho, mas, apesar de todas as dificuldade, define a experiência como “a melhor da vida”. “É difícil falar sobre planos para depois. Eu iniciei o ano de 2016 sem nunca ter imaginado que um dia viria para a China, e aqui estou. Tenho certeza que muitas oportunidades irão surgir ao longo destes quatro anos e que permanecer por aqui depois não será difícil. Tudo está constantemente em transformação e é impossível dizer o que poderá acontecer ali na frente. Viver o que estou vivendo faz essa frase ter ainda muito mais significado”, conclui.

Esta matéria faz parte da edição nº 4 da Revista Univates. Confira a versão digital aqui.

Texto: Artur Dullius

Felipe Heberle

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Genaro Toretti

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Estudantes da Univates em Macau

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Instituto Politécnico de Macau

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