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O dia do índio na visão das aldeias do Vale

Postado em 18/04/2017 10h58min

Por Artur Dullius

Há exatos 74 anos, em 1943, o então presidente, Getúlio Vargas, determinava que o dia 19 de abril seria lembrado como o Dia do Índio. Para entendermos o motivo, devemos voltar três anos antes, em 1940. A data foi proposta pelas lideranças indígenas do continente americano que participaram do Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México. 
 
No entanto, desde lá, muita coisa mudou. Naquela época, por exemplo, os Kaingang percorriam a região mas ainda não haviam fixado suas aldeias por aqui. A primeira a buscar seu espaço no Vale do Taquari, a Comunidade Kaingang Jamã Tÿ Tãnh, de Estrela, iniciou o processo de reterritorialização cerca de 20 anos depois, em meados da década de 1960. Hoje temos também a Comunidade Kaingang Foxá, em Lajeado, e a Comunidade Pó Mág, em Tabaí. Essas três comunidades somam mais de 63 famílias e cerca de 300 índios.
 
Como forma de revitalização da cultura indígena, este período do ano conta com vários eventos e atividades pela região. Nas escolas, crianças e adolescentes, mesmo que sem total conhecimento cultural e simbólico de cada etnia indígena do Brasil, confeccionam colares, produzem máscaras, pintam o rosto e realizam pesquisas sobre a cultura indígena. Mas, e os protagonistas desta data, como a celebram?
 
Conforme o professor da Univates Luís Fernando Laroque, coordenador de projeto de extensão do curso de História e de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento com os indígenas Kaingang, para as comunidades, este é um momento utilizado para a divulgação externa as aldeias, uma forma de mostrar as tradições muito mais para os não índios do que uma festividade interna dos Kaingang. “Eles realizam festividades, atualizam elementos da cultura tradicional por meio de esportes, como corridas e futebol, fazem escolha de rainha da aldeia e se pintam com cores, expressando as marcas clânicas. Tudo isso com a participação da comunidade externa”, afirma Laroque. 
 
Além disso, o professor lembra que o momento também é voltado para um período de visitação entre os Kaingang de várias aldeias do Estado. “Para eles, as áreas do Taquari-Antas, Caí, Sinos e Lago Guaíba, por exemplo, fazem parte do grande território, independente de as aldeias estarem localizadas em outras cidades. Então, o Dia do Índio é uma data que os Kaingang utilizam para se reunir, trocando experiências e aprendizados”, diz.
 
Em Estrela, na Comunidade Kaingang Jamã Tÿ Tãnh, a festividade está prevista para o dia 22 de abril. Já a Comunidade Kaingang Pó Mág, deve realizar atividades no dia 29 deste mês. 
 
Os índios no Brasil
O Brasil tem 896,9 mil indígenas em todo o território nacional, somando a população residente tanto em terras indígenas (63,8%) quanto em cidades (36,2%), de acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Do total, 817,9 mil se autodeclararam índios no quesito cor ou raça e 78,9 mil, embora se declarem de outra cor ou raça, principalmente parda (67,5%), se consideram indígenas pelas tradições e costumes.
 
Entre as regiões, o maior contingente está na região Norte (342,8 mil indígenas), e o menor, no Sul (78,8 mil). Segundo o Censo 2010, o País tem 505 terras indígenas, que representam 12,5% do território brasileiro (106,7 milhões de hectares), onde residem 517,4 mil indígenas (57,7%). 
 
A terra com maior população indígena é Yanomami, no Amazonas e em Roraima, com 25,7 mil indígenas. Entre os sexos, foi observado equilíbrio. Para cada 100,5 homens, há 100 mulheres. Há mais mulheres nas áreas urbanas e mais homens nas rurais.
 
Texto: Artur Dullius
Região conta com três comunidades Kaingang e cerca de 300 indígenas

Acervo Projeto História e Cultura Kaingang

Data foi determinada em 1943, pelo então presidente, Getúlio Vargas

Elise Bozzetto

Data foi determinada em 1943, pelo então presidente, Getúlio Vargas

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